Não revelar remuneração pode agravar a desigualdade salarial

  • Bloomberg
  • 1 Julho 2017

Mulheres que preferem não revelar atual salário durante entrevista de trabalho acabam por ser prejudicadas, o que acaba por agravar a desigualdade salarial entre homens e mulheres.

“Quanto é que ganha no seu emprego atual?” Para as mulheres, será que existe alguma resposta boa para essa pergunta tão temida das entrevistas de trabalho?

Até mesmo não responder nada pode afetar o salário das mulheres, segundo um novo estudo. Quando se pergunta a candidatos a um emprego sobre o salário atual, as mulheres são punidas por não querer responder, mas os homens são beneficiados, de acordo com um inquérito realizado pela PayScale, um site de comparação de salários.

No início da carreira, as mulheres ganham cerca de 0,90 dólares por cada dólar do salário de um colega homem, de acordo com dados recentes do Pew. Alguma disparidade pode persistir ao longo de toda a carreira, especialmente se os salários futuros se basearem nas remunerações anteriores. Até mesmo depois de fazer ajustes de acordo com experiência, escolaridade e outros fatores, as mulheres ganham 5,6% menos que os homens, disse a responsável pela equidade salarial da Glassdoor à Bloomberg.

Para combater isso, Massachusetts, a cidade de Nova Iorque e Filadélfia aprovaram vetos para proibir que empregadores perguntem a candidatos sobre sua remuneração anterior, assumindo que essas perguntas agravam a desigualdade salarial para mulheres e minorias. Mas essa prática continua a ser legal e comum na maioria das empresas. Por isso, muitos candidatos são aconselhados a não revelarem o seu salário atual mesmo se lhes perguntarem.

No estudo da PayScale, quase metade dos mais de 15.000 trabalhadores de tempo inteiro consultados afirmaram que a pergunta foi feita no processo de contratação. Mas as mulheres que se recusaram a revelar acabaram por receber ofertas salariais 1,8% mais baixas que o oferecido às mulheres que revelaram. Os homens que se recusaram a dizer o número, no entanto, acabaram por ganhar mais do que aqueles que optaram por divulgar.

Isso criou uma desigualdade salarial de 3% entre os homens e as mulheres que se recusaram a responder.

“Isso vai de encontro ao conselho que temos dado às mulheres”, disse Lydia Frank, vice-presidente de estratégia de conteúdo da PayScale.

Tanto homens quanto mulheres são aconselhados a evitar falar sobre o valor de remunerações anteriores durante as negociações salariais. Isso é considerado particularmente importante para as mulheres, que podem acabar por ganhar menos que os homens porque já ganhavam menos no emprego anterior — mas as conclusões da PayScale sugerem que seguir esse conselho também poderia prejudicá-las (no entanto, não é novidade que as mulheres tenham que caminhar sobre uma corda bamba no processo de contratação: outra investigação concluiu que elas são punidas por serem tão assertivas quanto os homens durante as negociações salariais).

Então, ao recusar falar do seu histórico salarial, por que razão as mulheres são punidas por fazer o mesmo que resulta num aumento da remuneração dos homens?

“Simplesmente não responder à pergunta pode dar uma má impressão ao recrutador”, disse Frank. Os recrutadores costumam procurar colaboração em candidatas mulheres, disse. Ou seja, um candidato que opte por não responder pode ser considerado pouco cooperativo.

Mas há outra razão. Os recrutadores também podem supor que uma mulher que se recusa a revelar seu salário faz isso porque ele é baixo. “Se elas preferem não revelar, podem transmitir que não estão satisfeitas com o salário atual”, disse Frank.

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