Fitch antecipa maior vaga de cortes de rating desde a crise de 2009
A agência de notação diz que vai avaliar de que forma as medidas temporárias introduzidas para combater o impacto do coronavírus terão implicações nas finanças públicas que perdurem pelo médio prazo.
A agência de notação financeira Fitch antecipa para 2020 a maior onda de descidas de ratings soberanos desde a crise financeira, devido aos efeitos da combinação entre o impacto económico do coronavírus e as respostas políticas a essa realidade. O alerta surge numa nota de research, divulgada esta terça-feira, em que a agência de notação financeira norte-americana também revela que os seus procedimentos de análise de ratings vão focarão nos efeitos das medidas fiscais temporárias.
“O impacto económico do coronavírus, combinado com as respostas políticas associadas, provavelmente irá resultar num número superior à média de ações de rating soberano em 2020, e enviesamento descendente mais pronunciado nas mudanças de rating soberana do que em qualquer ano após o crise financeira global em 2009“, começa por dizer a Fitch Ratings.
Face a este cenário, a agência de notação financeira diz que os registos históricos orçamentais dos países serão uma componente da avaliação do impacto sobre o rating das medidas orçamentais suplementares. “A intenção será avaliar de que forma as medidas orçamentais temporárias — e em muitos casos urgentes — introduzidas para combater o impacto do coronavírus terão implicações nas finanças públicas que perdurem a médio prazo“, explica.
A dívida pública portuguesa é avaliada atualmente pela Fitch no nível “BBB”, ou seja, segundo nível de grau de investimento, tendo o outlook “positivo”. Apesar de alertar para o elevado peso da dívida, a agência tem elogiado a resiliência da economia portuguesa, bem como o equilíbrio das contas públicas. Portugal preparava-se para conseguir o primeiro excedente orçamental em democracia este ano, mas o primeiro-ministro António Costa já disse que o surto de coronavírus irá vai dar uma forte “pancada” na economia nacional e os esforços para travar este impacto deverá eliminar as possibilidades de excedente.
A Fitch reconhece que, devido ao quadro imposto pela pandemia, os responsáveis pela política económica global enfrentam “uma combinação de desafios sem precedentes, incluindo uma crise de saúde, uma disrupção económica, flutuação severa dos mercados financeiros, mudanças no sentimento dos investidores, volatilidade cambial e um choque do preço das matérias-primas”. E antecipa que uma das principais consequências económicas para regiões e países afetados pelo coronavírus é a “interrupção repentina” das atividades.
A Fitch considera ainda que as “políticas macroeconómicas tradicionais terão efeitos limitados” nos cortes motivados por preocupações com a saúde, mas que podem ter um papel de “atenuar o consequente impacto nos fluxos de rendimento das famílias e das empresas, evitando um declínio económico mais acentuado e prolongado”. A Fitch diz ainda esperar que, com o tempo, as respostas à política fiscal correspondam às que já estão em andamento do ponto de vista monetário, pelo menos em termos do número de países envolvidos.
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