Há propostas para a compra de 80% da Brisa, mas não são vinculativas
Grupo Mello e a Arcus procuram compradores para 80% do capital da Brisa. Interessados já entregaram propostas, mas não são vinculativas.
O negócio de venda de 80% da Brisa chegou no pior momento possível, exatamente no meio de uma pandemia do novo coronavírus que parou a economia. E por isso, as propostas que chegaram pela compra da posição da Arcus e do grupo Mello na maior concessionária do país não são propriamente vinculativas e “fully funded”, isto é, com financiamento garantido a 100%. De acordo com informações do ECO, foram entregues cinco propostas, mas com níveis de compromisso diferentes, incluindo duas candidaturas que terão sido apenas demonstrações de interesse, mas a pedir tempo para fazer uma oferta.
Oficialmente, nem a Arcus nem o grupo Mello fazem comentários sobre o processo. As propostas foram entregues na passada quinta-feira e a partir desta semana vai dar-se início ao processo de avaliação das referidas candidaturas, mas diversas fontes de mercado apontam para um processo de negociação longo, com a seleção de dois ou três destes candidatos, e condicionado pelo desenvolvimento da crise da pandemia do novo coronavírus.
Os candidatos que fizeram chegar à Brisa propostas mais ou menos firmes foram a Globalvia, a APG e a Ardian, enquanto a Abertis e a China State Construction Engineering Corporation terão apenas enviado cartas a notificar os vendedores do interesse da operação, mas sem apresentar uma oferta. No caso dos chineses, há ainda outro ponto a ter em conta no contexto desta crise do novo coronavírus. Há alguns governos europeus já fizeram mesmo aprovar leis que lhes permitem vetar compras acionistas acima de 20% por parte de empresas de países não europeus. Portugal, refira-se, não tomou qualquer decisão sobre esta matéria.
É que as circunstâncias mudaram muito desde o início do processo e, por isso, agora, os valores das propostas foram revistos em baixo de forma significativa. Quando foram feitas as primeiras propostas não vinculativas, o valor implícito da Brisa estaria próximo dos quatro mil milhões de euros, mas agora, na fase das propostas vinculativas, este valor terá baixado para um patamar inferior a 3,5 mil milhões. E mesmo assim com condições de evolução da economia portuguesa e do próprio tráfego das autoestradas geridas pela Brisa que poderão significar uma nova revisão em baixa desta oferta.
Do lado dos Mello, a decisão de vender a sua posição de 40% tem sobretudo um indicador em conta: A operação paga a dívida do grupo à banca? Este valor é mantido em segredo, mas é a chave para saber se o grupo decidirá a venda dos 40%, mantendo, ainda, neste modelo de negócio, uma percentagem na ordem dos 17% do capital. Já a Arcus tem um enquadramento de decisão diferente. O fundo de capital deverá mesmo sair da Brisa porque já está no capital da concessionária há cerca de nove anos e quer liquidar a operação, devolver o dinheiro aos investidores e procurar a abertura de novos fundos, para outras oportunidades de negócio.
A entrega das propostas à compra de 80% do capital da Brisa surge também na semana em que a concessionária, que explora as autoestradas A1, A2 e A4, entre outras, notificou o Estado da ocorrência de um “caso de força maior” por causa da pandemia de Covid-19, um passo prévio para um eventual pedido de compensação pela quebra de receitas, o chamado processo de reequilíbrio financeiro, que estará já a ser discutido com o Governo.
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