Têxtilobo foi das primeiras empresas a obter certificação do Citeve para a produção de máscaras. Em plena crise, diz que são uma oportunidade para o setor, estando já de olho na exportação.
Em plena pandemia, algumas empresas mudaram o chip, adaptaram as linhas de produção e começaram a dedicar-se à produção de equipamento de proteção individual, nomeadamente de máscaras descartáveis ou reutilizáveis. A Têxtilobo é uma delas. Viu nas máscaras uma oportunidade de negócio. Foi das primeiras empresas a obter a certificação por parte do Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário (Citeve) e tem atualmente capacidade para produzir cerca de 30 mil unidades por dia.
Com o aparecimento do Covid-19, a empresa de Barcelos, que conta com mais de 30 anos de experiência na conceção de vestuário, sentiu quebras bastantes significativas nas encomendas. “Desde o início do ano que mudou muita coisa. Com a aparecimento desta pandemia as encomendas tiveram uma quebra na ordem dos 50% e tivemos que nos adaptar para combater os efeitos”, explica ao ECO, Pedro Alves, proprietário da Têxtilobo.
A adaptação fez-se com a mudança da produção para as máscaras, procurando dar resposta à crescente procura por um produto visto como essencial para evitar a propagação do vírus na comunidade.
“É sem dúvida uma outra oportunidade para o têxtil e acabou por ser uma lufada de ar fresco para o setor. Este nicho de mercado acabou por dar uma alavanca ao setor“, descreve o proprietário.
No caso da Têxtilobo as máscaras foram mesmo a salvação para a empresa, podendo potenciar o negócio daqui em diante. “Não despedimos ninguém, não entramos em lay-off e possivelmente vamos contratar outra pessoa”, destaca Pedro Alves, com um brilho nos olhos.
Mudar tudo? Não é um bicho-de-sete-cabeças
A transição da empresa para a produção de máscaras não foi um bicho-de-sete-cabeças. Para Pedro Alves “foi relativamente fácil até porque só precisamos de adaptar-nos, temos o know-how e as ferramentas necessárias, foi só arranjar a matéria-prima e meter mãos à obra”, conta.
A empresa está a arrancar com a produção, mas já tem embalado e pronto a entregar a primeira remessa de 50 mil máscaras descartáveis. Destinam-se essencialmente a revendedores, unidades hoteleiras, dentistas e superfícies comerciais. Pedro Alves conta ao ECO que parte desta encomenda tem como destino o mercado francês.
Para a produção destas primeiras 50 mil máscaras foram necessários seis mil metros de tecido não tecido (TNT). Estas máscaras descartáveis do tipo 1 (nível 2) são direcionas para a população em geral e para uso profissional, ou seja, pessoas que estão em contacto com o público. Este tipo de máscaras tem uma proteção acima dos 90% e só deve se usada durante quatro horas, alerta Pedro Alves.
O corte das máscaras descartáveis é realizado nas instalações da empresa, mas a conceção fica ao encargo de uma empresa subcontratada. “Nesta fase temos subcontratado muita gente, prefiro continuar a ter uma estrutura mais pequena e aguentá-la. Estamos a ajustar a produção em função do volume de encomendas que temos”, diz Pedro Alves. E são muitas. Ao longo da conversa com o ECO, o telefone não parava de tocar e a lista de emails por ler tornava-se cada vez maior.
A produção de máscaras descartáveis já é uma realidade e o próximo passo são as reutilizáveis. A Têxtilobo já enviou as amostras e estão a aguardar a aprovação do Citeve. Para o proprietário da Têxtilobo a procura é superior nas máscaras reutilizáveis, até porque são a nova tendência e acabam por ser mais amigas do ambiente.
Exportação é o próximo passo
A empresa já antes do Covid-19 exportava praticamente toda a produção de vestuário, principalmente para a Europa. Com a aposta na produção de máscaras, a Têxtilobo vê no mercado externo uma oportunidade.
Pedro Alves garante que a prioridade, numa primeira fase, é satisfazer as necessidades do mercado nacional, mas que num futuro próximo é sem dúvida o rumo a seguir. O proprietário que conta com 20 de anos de experiência no mundo dos têxteis destaca que já tem recebido vários contactos de potencias clientes vindos de França, Alemanha, Espanha e EUA.
“O setor do têxtil em Portugal adapta-se muito facilmente e temos capacidade para produzir milhões de máscaras para o mercado nacional e internacional”, conclui Pedro Alves.
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“Máscaras são alavanca para o setor”. Têxtilobo vê oportunidade de negócio
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