Sem saídas para o euro, Lagarde poderá reforçar pacote de emergência do BCE
Conselho de governadores do Banco Central Europeu reúne-se esta quinta-feira, seis semanas após lançamento do programa contra o Covid-19. Analistas antecipam um aumento na compra de ativos.
Em plena guerra contra o contágio do coronavírus na economia europeia, Christine Lagarde volta reunir as tropas do Banco Central Europeu (BCE) esta quinta-feira. Após ter feito o primeiro disparo da bazuca — um programa de emergência de 750 mil milhões de euros em compra de ativos — poderá agora esperar para avaliar o impacto do tiro, mas o recarregar das armas não está fora de questão.
“À primeira vista, não é expectável que a reunião do BCE traga novas medidas após o conjunto anunciado, incluindo o programa PEPP [Pandemic Emergency Purchase Programme], alívio dos requisitos colaterais e abundância de liquidez. No entanto, novas respostas políticas não podem ser excluídas já que o BCE parece ser a única saída a curto prazo e deverá sinalizar prontidão para agir”, considera o Danske Bank, numa nota de research.
A presidente do BCE alertou, na semana passada, os líderes europeus que a economia europeia poderá contrair até 15% em 2020 e avisou que a resposta dos Governos nacionais poderá ser tardia e insuficiente face à velocidade do impacto da pandemia. Este poderá ser um incentivo a que o Conselho de Governadores aumente os estímulos.
"Novas respostas políticas não podem ser excluídas já que o BCE parece ser a única saída a curto prazo e deverá sinalizar prontidão para agir.”
Depois de anunciar 750 mil milhões de euros para compras de títulos do setor privado e do público, até final de 2020, Lagarde já o sinalizou. Primeiro, alterou as regras para retirar os limites à compra de dívida emitida por um só país. Depois disse que iria explorar “todas as opções e todas as contingências” para apoiar a economia e, mais recentemente, decidiu passar a aceitar obrigações com notação de investimento especulativo como colateral nas operações de empréstimo aos bancos.
“Parece que o BCE está, neste momento, focado em três principais objetivos: evitar um ciclo vicioso de downgrades de rating de países e empresas que gere problemas no setor bancário; prevenir um maior alargamento dos spreads das dívidas; e apoiar a economia. Prevenir o ciclo vicioso, em particular, parece captar a principal atenção do BCE dada a decisão da semana passada de incluir junk bonds como colateral“, aponta Carsten Brzeski, economista chefe para a Zona Euro do ING.
"O envelope ultra flexível do PEPP poderá ter margem para combater as tensões nos próximos meses, mas os dados semanais das compras sugerem que o envelope poderá ser esgotado bem antes do fim do ano.”
Os vários bancos de investimento não antecipam mudanças nas taxas de juro, que já estão em mínimos históricos. Mas não excluem um reforço na compra de ativos. O ABN Amro antecipa um acréscimo de 500 mil milhões no PEPP, para um total de 1,25 biliões de euros, bem como uma multiplicação do sistema de escalões que mitiga os efeitos dos juros negativos para a banca.
“O BCE vai continuar a pedir estímulos orçamentais mais ousados, mas não poderá ignorar o padrão frágil dos spreds das obrigações soberanas europeias, a subida das Euribor e as taxas do papel comercial. O envelope ultra flexível do PEPP poderá ter margem para combater as tensões nos próximos meses, mas os dados semanais das compras sugerem que o envelope poderá ser esgotado bem antes do fim do ano“, alerta o Commerzbank.
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