OPEP: saiba o que cada país defende
Ministro argelino da Energia sabe que os 14 membros estão de acordo na necessidade de recuperar a estabilidade do mercado. O problema é a forma de alcançar esse objetivo.
Os principais países produtores de petróleo estão todos de acordo: é preciso corrigir os desequilíbrios do mercado e estabilizar os preços. O problema é como lá chegar.
A reunião informal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), na próxima quarta-feira, está em risco de se transformar numa sessão extraordinária, realizada à margem do XXV Fórum Internacional de Energia, e servir para adotar uma decisão. A informação foi adiantada pelo ministro da Energia, numa conferência de imprensa este domingo, na sede do ministério. Mas não será fácil. Segundo a Bloomberg, estas são as posições defendidas pelos países da OPEP e pela Rússia, um de um dos maiores produtores de petróleo, mas que não é membro do cartel:
- Argélia – O ministro da Energia apelou a um corte de um milhão de barris no fornecimento diário mundial e disse que os preços por barril abaixo dos 50 dólares não podiam continuar.
- Angola – O aumento dos preços do petróleo no início deste ano encorajou o país a terminar as conversações com o FMI sobre o empréstimo que tinha contraído. Ainda assim, as receitas provenientes do petróleo só são suficientes para pagar a dívida do Governo e da companhia petrolífera estatal, a Sonagol.
- Equador – O país defendia um corte na produção da OPEP em dezembro, com uma meta de 30 milhões de barris por dia. Na altura, a OPEP produzia o dobro.
- Irão – A indústria energética está em reconstrução e a recuperar a sua quota de mercado depois das sanções internacionais impostas devido ao programa nuclear, em janeiro. O Presidente Hassan Rohani disse que o país apoia os esforços para estabilizar os preços, mas é essencial compensar a produção perdida. Esta terça-feira, no entanto, o ministro do petróleo Iraniano, Bijan Namdar Zanganeth, disse à Bloomberg que o Irão não vai congelar a produção, e que a intenção é aumentar para 4 milhões de barris por dia (face aos 3.6 milhões de barris produzidos atualmente).
- Iraque – Este pode ser o maior obstáculo à assinatura de um acordo, por registar os níveis mais altos de produção desde que a estratégia da OPEP para maximizar a produção foi adotada. Ainda assim, o Iraque disse estar disposto a congelar a produção.
- Líbia – Segundo a Bloomberg, é difícil ver de que modo é que o país aceitaria congelar a produção, dado o aumento de 70% que se registou desde agosto, devido à recuperação dos campos de produção e à reabertura dos portos de exportação pela primeira vez em dois anos.
- Nigéria – O ministro do Petróleo, Emmanuel Kachikwu, disse que a produção tem acelerado nas últimas semanas, ainda que no meio de um cessar-fogo. Kachikwu previu que a produção diária suba para 1,8 milhões de barris por dia no próximo mês e para os dopis milhões de barris até ao fim do ano.
- Arábia Saudita e aliados – O ministro a Energia, Khalid Al-Falih, negou que houvesse qualquer necessidade atual de limitar a produção, dizendo que “os mercados estão na direção certa”.
- Venezuela – Eulogio del Pino, ministro do Petróleo, trabalhou no sentido de haver uma quebra na produção, depois da reunião da OPEP em dezembro e da cimeira do clima em Doha. A má gestão económica e a queda nos preços deixaram a Venezuela, país dependente do petróleo, à beira de um colapso.
- Rússia – O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que o congelamento da produção seria o ideal. No entanto, as “promessas” feitas para cooperar com a OPEP não foram cumpridas até agora.
Para Boufetra, é evidente que o problema reside na existência de um desequilíbrio “líquido” entre a oferta e a procura de petróleo (em favor da primeira), pelo que uma das soluções seria congelar a produção. Esta opção, no entanto, divide os países da OPEP.
Por esta “super abundância de petróleo no mercado, os países da OPEP – que põe à venda diariamente 33,4 milhões de barris – os países perdem cada dia entre 300 e 500 milhões de dólares” (267 e 445 milhões de euros, à taxa de câmbio atual), sublinhou o ministro da Energia argelino. Cabe à OPEP tomar uma decisão que permita estabilizar os preços.
As discussões estão centradas agora em convencer também os grandes produtores externos, e em particular a Rússia, já que um barril de petróleo à volta de 60 dólares (cerca de 15 euros acima do preço atual) permitiria retomar o investimento e beneficiar produtores e consumidores, acrescentou Boufetra.
Esta terça-feira o preço do Brent, transacionado em Londres, está a cair 1,86% para os 46.47 dólares o barril, assim como o crude, a cair 1,80% para os 46.50 dólares o barril.
Editado por Mónica Silvares
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