Confinamento aumenta poupança das famílias. Depósitos cresceram 2 mil milhões em abril
O montante depositado pelas famílias portuguesas na banca atingiu um novo recorde de mais de 158 mil milhões de euros, em abril. Em pleno confinamento, montante engordou mais de 2 mil milhões.
Confinados em casa devido à pandemia, muito mudou nos padrões de consumo e gastos dos portugueses, mas também das poupanças. Em abril, o montante aplicado em depósitos pelas famílias portuguesas disparou mais de 2 mil milhões de euros. Trata-se do valor mensal mais elevado em quase quatro anos, com o total dos depósitos a atingir um novo recorde acima de 158 mil milhões de euros.
De acordo com dados disponibilizados pelo Banco Central Europeu (BCE), em abril, o valor total depositado pelos particulares junto da banca ascendia a 158.004 milhões de euros. Trata-se do montante mais elevado do histórico da entidade liderada por Christine Lagarde que tem início há mais de 17 anos, concretamente, em janeiro de 2003.
O novo recorde dá seguimento ao rumo ascendente dos valores depositados, mas sobressai pelo forte crescimento das aplicações registado naquele mês. Num só mês, o dinheiro em contas à ordem e em depósitos a prazo disparou 2.067 milhões de euros. Trata-se da subida mensal mais elevado desde julho de 2016, mês em que os depósitos dos portugueses tinham engordado 2.101 milhões de euros.
Montante dos depósitos nos últimos 5 anos
Fonte: BCE
Se muitas famílias viram os seus rendimentos subitamente cortados devido às consequências económicas impostas pelo novo coronavírus, o aumento das poupanças dos portugueses depositadas junto da banca não podem ser dissociadas do mesmo efeito.
“A razão para esta subida estará provavelmente no facto de as famílias, em média, não terem gasto quer por opção, numa atitude defensiva precavendo-se num cenário de incerteza, quer por não ser mesmo possível gastar de acordo com o seu perfil de consumo com lojas e serviços fechados, viagens paralisadas e num período de Páscoa, automóveis nas garagens, etc…”, justifica Filipe Garcia, presidente da IMF.
O economista salienta, contudo, que “esta situação reflete um comportamento agregado e não generalizado“, lembrando precisamente que “muitas famílias não tiveram esta folga de liquidez por terem visto as suas fontes de rendimento reduzidas, em alguns casos a zero”.
"A razão para esta subida estará provavelmente no facto de as famílias, em média, não terem gasto quer por opção, numa atitude defensiva precavendo-se num cenário de incerteza, quer por não ser mesmo possível gastar de acordo com o seu perfil de consumo com lojas e serviços fechados, viagens paralisadas e num período de Páscoa, automóveis nas garagens, etc.”
A elevada quantia depositada em abril, dá seguimento a um aumento que já se tinha verificado em março, quando o confinamento dos portugueses se iniciou no seguimento da declaração de estado de emergência em Portugal no dia 18 daquele mês. Já em março, os depósitos das famílias tinham crescido em 1.613 milhões de euros.
Depósitos a prazo engordam até máximos de outubro
No que diz respeito ao caso específico do mês de abril, para além do maior acréscimo do valor global dos depósitos, é notório ainda que foi encaminhado mais dinheiro para depósitos a prazo, em contraciclo com a tendência decrescente que tem vindo a ser observada face à quebra das remunerações oferecidas.
Do total de 2.067 milhões de euros, 1.641 milhões engordaram as contas à ordem, mas os restantes 404 milhões de euros foram encaminhados para depósitos a prazo. Em termos mensais, não ocorria uma entrada de dinheiro tão elevada para os depósitos a prazo desde outubro de 2017.
Face ao acréscimo registado em abril, as aplicações em depósitos a prazo ascenderam a um total de 89.771 milhões de euros, um máximo de outubro do ano passado. Já no que respeita aos depósitos à ordem, aumentaram para 67.560 milhões de euros, um máximo do histórico do BCE.
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