Bazuca do BCE ficou com 4 mil milhões de euros em dívida portuguesa na pandemia
Só o programa de emergência do banco central europeu comprou mais de 4 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro nacionais. A acrescer a este montante, foram mais adquiridos mais 2 mil milhões.
A bazuca do Banco Central Europeu (BCE) para combater o impacto do vírus na economia do euro ficou com mais de 4 mil milhões de euros em dívida portuguesa durante a pandemia. A estas compras realizadas entre março e maio, acrescem quase 2 mil milhões em obrigações do Tesouro que o BCE comprou desde o arranque do ano.
A instituição liderada por Christine Lagarde lançou, em meados março, um programa de emergência pandémica (PEPP, na sigla em inglês) com 750 mil milhões de euros para comprar dívida pública e privada dos países da Zona Euro até ao final do ano. Foi no âmbito deste programa que o BCE adquiriu 4,15 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro portuguesas, segundo a primeira atualização da execução do PEPP por país.
Neste período, o Tesouro — que anunciou que iria acelerar o planeamento do financiamento do país para responder às necessidades geradas pelo vírus — emitiu 7,51 mil milhões em nova dívida de médio e longo prazo. São as regras mais flexíveis deste programa (incluindo a retirada de limites da quantidade de dívida que o BCE pode comprar de cada país) que permite que o banco central tenha ficado com tanta dívida portuguesa.
Além do PEPP, o BCE continuou com o programa de compra de dívida que já tinha em curso, a um ritmo mensal de 20 mil milhões de euros e até o reforçou com um envelope temporário de 120 mil milhões a ser usado também até ao final de 2020. Desde o início do ano, o saldo da dívida portuguesa pelo BCE aumentou em 1,86 mil milhões de euros. Só em maio, comprou 396 milhões de euros, ligeiramente abaixo dos 462 milhões de abril.
Apesar de o mandato do BCE o impedir de financiar diretamente os países (comprando dívida em mercado secundário), a expectativa é que este poder de fogo europeu permita que Portugal tenha comprador garantido para toda a dívida que vai precisar para fazer face às necessidades de financiamento geradas pelo vírus.
Um terço da bazuca já foi usada
Se no panorama nacional, o BCE está a lançar uma grande quantidade de dinheiro para Portugal. No contexto europeu, Portugal é apenas uma pequena parte. Só no PEPP, o banco central já gastou 234,665 mil milhões de euros, ou seja, cerca de um terço do total de 750 mil milhões disponíveis para todo o ano.
Apesar de não ter regras tão rígidas sobre as distribuição dos montantes, os maiores países do euro continuam a ter maior peso. O BCE gastou 46,749 mil milhões na Alemanha, 37,365 mil milhões em Itália, 23,575 em França e 22,392 em Espanha. A Grécia — que continua a ser excluída dos restantes programas, mas foi incluída neste — ficou com 4,69 mil milhões de euros.
Exatamente por já ter parte do plafond esgotado, o BCE poderá reforçá-lo ainda esta semana. Christine Largarde tem deixado claro que está disponível para aumentar o programa de emergência e a expectativa do mercado é que anuncie um aumento no programa de compra de dívida em 500 mil milhões de euros, após a reunião do Conselho de Governadores, esta quinta-feira.
Alemanha é o país com maior peso no PEPP
Fonte: Banco Central Europeu
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