BCE está mais pessimista. PIB da Zona Euro vai cair entre 8% e 12% em 2020

A presidente do Banco Central Europeu revelou esta quarta-feira uma previsão mais pessimista para a evolução do PIB da Zona Euro em 2020 por causa da crise pandémica.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse esta quarta-feira que está a prever uma recessão entre 8% a 12% este ano na Zona Euro por causa da crise pandémica. Esta previsão revelada no evento do BCE Youth Dialogue é mais pessimista do que a previsão de 5% a 12% adiantada anteriormente pelo banco central.

Lagarde disse que o cenário de uma recessão “leve” está desatualizado, segundo a Reuters, e que a atual previsão aponta para cenários de intensidade “média ou severa”. “Estamos a falar de uma contração económica, num só ano, na Zona Euro, maior à da crise financeira [de 2008/2009]“, disse a presidente do BCE, referindo que a quebra pode ser o “dobro”.

Na reunião do Conselho do BCE de abril, Christine Lagarde tinha revelado que “o staff do BCE estima que o PIB da Zona Euro contraia entre 5% e 12% este ano”, sendo que a atualização oficial das previsões só acontecerá em junho. Nessa ocasião, também admitiu que o PIB poderia contrair 15% no segundo trimestre, tal como tinha indicado ao Conselho Europeu. A própria presidente assinalou no evento a dificuldade de fazer previsões neste período de grande instabilidade.

O novo intervalo de previsão do BCE para a quebra do PIB da Zona Euro em 2020 fica ligeiramente acima da previsão feita pela Comissão Europeia no início de maio. Nas previsões da primavera, Bruxelas antevia uma contração de 7,7%, mas notava a elevada incerteza dos números apresentados.

No mesmo evento, Christine Lagarde lembrou ainda que o choque é simétrico, ou seja, todos os países são afetados pela pandemia — “o vírus não conhece fronteiras“, fez questão de dizer –, mas “as consequências são assimétricas” uma vez que os países com mais turismo e maior endividamento serão os mais afetados pela disrupção criada pelo coronavírus. “O nosso dever coletivo é assegurar que saímos disto numa situação equilibrada” entre todos os países, pediu.

Questionada diretamente sobre se haverá uma crise das dívidas soberanas por causa do aumento do endividamento público, Christine Lagarde foi direta: “Não”. A presidente do BCE explicou que “a coisa certa a fazer” era aumentar a dívida pública para permitir tomar medidas para controlar a pandemia, a vários níveis, e argumentou que todos os países tiveram de o fazer, o que retira o foco dos países da Zona Euro.

Além disso, como as taxas de juro estão em níveis historicamente baixos, o serviço da dívida é “extremamente baixo”. Para Lagarde o que importa é como é que esse dinheiro vai ser gasto, nomeadamente se vai levar a uma melhoria da competitividade das economias e à resolução do problema das alterações climáticas. “Não estou muito preocupada com isso [crise das dívidas soberanas] neste momento, mas continuaremos a monitorizar”, concluiu.

(Notícia atualizada às 10h52 com mais informação)

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