FC Porto tenta adiar pagamento da dívida. Se não conseguir, tem de “vender um jogador”, diz Fernando Gomes
SAD do clube reúne-se esta sexta-feira com obrigacionistas para tentar adiar o pagamento de 35 milhões de euros em obrigações. Para isso, propõe-se a continuar a pagar o juro bruto de 4,29% até 2021.
O FC Porto vai tentar ganhar um ano de fôlego numa altura de sufoco financeiro. Com as contas afetadas pela paralisação do campeonato e com dificuldades em pagar salários, a SAD do clube vai pedir, esta sexta-feira, aos obrigacionistas mais um ano para reembolsar o dinheiro pedido ao mercado em 2017. Se não conseguir o adiamento, Fernando Gomes diz ao ECO que terá de obter um outro financiamento e vender um jogador.
Na assembleia-geral de obrigacionistas, a SAD vai pedir para adiar, ao longo de um ano, o pagamento da linha “FC PORTO SAD 2017-2020” que estava previsto para 9 de junho. Esta emissão de dívida foi comunicada ao mercado em maio de 2017, tendo o FC Porto anunciado na altura a venda de 35 milhões de euros.
Fernando Gomes, administrador financeiro do FC Porto, acredita que será possível alcançar a aprovação nesta reunião magna, permitindo à SAD pagar, agora, apenas 1,5 milhões referentes aos juros. O reembolso ficará assim para 9 de junho de 2021, sendo que até lá os investidores continuam a receber a taxa de juro de 4,29%.
Esta é a segunda vez que o Porto tenta este adiamento já que a assembleia-geral de obrigacionistas chegou a estar marcada para dia 19 de maio, mas não chegou a acontecer por falta de quórum. Assim, ficou remarcada para esta sexta-feira, às 15h00.
"A acontecer [a não aprovação do adiamento do reembolso], a solução passaria por um composto entre a antecipação de uma venda de um jogador, e a obtenção de um financiamento.”
Além da mudança na data, a percentagem mínima de obrigacionistas necessária para a apresentação de requerimento de inclusão de assuntos na ordem de trabalhos passa a ser de 2% em vez de 5%. Os azuis e brancos têm assim mais possibilidades de conseguir o adiamento, sendo que não alcançar esse resultado colocaria a SAD numa situação mais complicada.
“A acontecer [a não aprovação do adiamento do reembolso], a solução passaria por um composto entre a antecipação de uma venda de um jogador, e a obtenção de um financiamento“, explica o administrador do FC Porto. “Mas seria seguramente uma operação com condições muito desfavoráveis, que neste quadro não vislumbramos venha a acontecer”, remata Fernando Gomes.
Sem financiamento, nem receitas
Tradicionalmente, as SAD financiam o reembolso destes empréstimos obtidos junto dos investidores de retalho. Contudo, desta vez, quando o Porto tinha previsto a nova emissão, a pandemia chegou ao país, levando à quase paragem do país, existindo o dever de confinamento dos portugueses.
A juntar à impossibilidade de obter esse novo financiamento veio a paralisação do campeonato, levando a perda de receitas e mesmo de negócios que estavam alinhavados. “Se tivessem sido faturados 147 milhões de euros que estavam acordados”, agora “não se estava a falar de problemas financeiros”, disse o presidente do clube Jorge Nuno Pinto da Costa em entrevista ao Porto Canal.
Esses problemas financeiros levaram mesmo o clube a pedir um empréstimo de dois milhões de euros para pagar salários. O presidente portista tentou fazê-lo junto do Novo Banco, mas foi recusado e acabou por conseguir junto de “um banco alemão”.
Regressar ao mercado? Depende
Este adiamento do reembolso da dívida dá tempo à SAD portista para obter o dinheiro necessário para cumprir com a sua obrigação junto dos investidores. Contudo, será necessário obtê-lo o quanto antes.
Fernando Gomes explica ao ECO que o Porto pretende, no máximo, voltar ao mercado de dívida até junho de 2021. Até essa altura, “o FC Porto voltará a mercado. Mas equaciona-se antecipar essa possibilidade“, diz. “Dependerá do mercado de Jogadores este verão e da estabilidade da economia no final de 2020”, remata.
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