Portugal paga 0,595% para emitir dívida a 10 anos. Obtém 1.505 milhões
Acompanhando a tendência de queda das taxas no mercado secundário, o IGCP colocou no mercado 1.505 milhões de euros em dívida de longo prazo com juros mais baixos.
Portugal conseguiu juros mais baixos no leilão duplo de dívida de longo prazo. Beneficiando o reforço de 600 mil milhões de euros da bazuca do Banco Central Europeu (BCE), a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) captou 1.505 milhões de euros, com a taxa no prazo mais dilatado, a 10 anos, a reduzir-se para apenas 0,595%.
O IGCP pretendia até 1.500 milhões com esta nova emissão, acabando por colocar ligeiramente mais do que o máximo previsto. Colocou 585 milhões no prazo a seis anos, sendo a maior “fatia”, de 920 milhões, destinada aos títulos com prazo a 10 anos. A procura ascendeu a 2,08 vezes a oferta no prazo mais curto, sendo de 1,5 vezes o colocado na maturidade de referência, ajudando a baixar os custos com este financiamento.
Tanto nos títulos a seis como a 10 anos, a taxa foi mais baixa por comparação com operações idênticas realizadas recentemente. No caso dos títulos a seis anos, a taxa foi de apenas 0,137%, contra 0,843% na emissão anterior, sendo que no prazo mais longo, onde foi colocada maior parte da dívida, o juro encolheu para 0,595%, aquém dos 0,852% alcançados em meados de maio.
“Esta redução das taxas de juro acontece um dia depois de o Governo ter apresentado o Orçamento Suplementar para 2020, onde se estima que, após quatro anos de descida sustentada, o rácio da dívida pública apresente um aumento significativo este ano, em virtude dos efeitos da pandemia sobre a atividade económica e o endividamento das Administrações Públicas”, diz o Ministério das Finanças em comunicado.
“O sucesso deste duplo leilão mostra a confiança dos investidores na continuidade da política orçamental e na sustentabilidade das finanças públicas, decorrente do trajeto de confiança conquistado nos últimos cinco anos“, acrescenta o ministério de Mário Centeno, que esta terça-feira apresentou o pedido de demissão, sendo substituído por João Leão.
A descida dos juros neste duplo leilão está em linha com o que se tem observado no mercado secundário, em que a yield dos títulos portugueses tem vindo a encolher de forma expressiva, regressando a níveis pré-pandemia.
"O sucesso deste duplo leilão mostra a confiança dos investidores na continuidade da política orçamental e na sustentabilidade das finanças públicas, decorrente do trajeto de confiança conquistado nos últimos cinco anos.”
Depois de disparar para mais de 1%, a taxa a 10 anos tem vindo a cair, tendo chegado a negociar abaixo da fasquia de 0,5%, com os investidores a refletirem nos juros da dívida portuguesa essencialmente a “rede de segurança” oferecida pelo BCE.
Apesar de Portugal, tal como os restantes países europeus, estar a encaminhar-se para uma recessão, e de a dívida pública estar a subir para novos recordes, com o Governo a estimar que alcance os 134,4% do PIB no final de 2020, o reforço da bazuca do banco central acalma os investidores, permitindo um alívio nas taxas.
Depois de ter lançado uma bazuca de 750 ml milhões de euros, Christine Lagarde decidiu reforçá-la com mais 600 mil milhões de euros. Este dinheiro será utilizado, na sua maioria, para comprar dívida soberana, não havendo desta vez qualquer limite à quantidade de títulos de cada país que o BCE pode adquirir.
(Notícia atualizada pela última vez às 17h54 com a reação do Ministério das Finanças)
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