Donohoe, o autor do ‘milagre irlandês’ pouco adepto de taxar gigantes digitais
O irlandês Paschal Donohoe foi escolhido para suceder ao português Mário Centeno na liderança do Eurogrupo. Toma posse na próxima segunda-feira.
Paschal Donohoe, 45 anos, eleito esta quinta-feira para a presidência do Eurogrupo, é conhecido por ter recolocado em ordem as finanças públicas do seu país e de ser pouco entusiasta com a ideia de taxar os ‘gigantes’ digitais norte-americanos.
De centro-direita, Donohoe, do partido Fine Gael (Partido Popular Europeu), é ministro das Finanças irlandês desde 2017 e, tal como Centeno em Portugal, foi o grande protagonista do primeiro excedente orçamental da Irlanda desde a crise financeira de 2008, que atingiu igualmente com particular dureza o seu país, que sofreu uma longa recessão.
Com ‘tiques’ então de “Ronaldo das Finanças” da Irlanda, Donohoe liderará nos próximos dois anos e meio o Eurogrupo, em pleno esforço de recuperação da economia europeia, com a particularidade de ser contra uma medida defendida por muitos para aumentar os recursos financeiros da Europa, um imposto digital sobre os gigantes da Internet, e isto porque a Irlanda é o “refúgio” europeu de muitos gigantes tecnológicos dos Estados Unidos.
Dos três candidatos à sucessão de Centeno, Donohoe é quem tem menos experiência de Bruxelas – a espanhola Nadia Calviño trabalhou 12 anos em postos-chave na Comissão Europeia antes de ser convidada para ministra e o luxemburguês Pierre Gramegna leva já sete anos no Eurogrupo -, mas o apoio do PPE, a maior família política europeia, revelou-se decisivo para contrariar o favoritismo da candidata socialista, que tinha o apoio declaração de Alemanha e França (além de Portugal).
Antes de assumir a pasta das Finanças, em junho de 2017, Donohoe, classificado como “um gestor prudente”, foi ministro para os Assuntos Europeus, dos Transportes e Turismo, e ainda da Despesa Pública e Reformas.
“Estou profundamente honrado por ter sido eleito novo presidente do Eurogrupo. Estou desejoso de trabalhar com todos os meus colegas do Eurogrupo nos anos que se seguem, para assegurar uma recuperação justa e inclusiva para todos, enfrentando os desafios pela frente com determinação”, escreveu na sua conta oficial na rede social Twitter após a eleição.
Num novo ciclo político, resultante das eleições europeias do ano passado, em que pela primeira vez as presidências da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu foram assumidas por mulheres – Ursula von der Leyen e Christine Lagarde, respetivamente -, Donohoe impediu que também o Eurogrupo tivesse a sua primeira liderança feminina, ao derrotar Nadia Calviño na segunda volta da eleição.
Donohoe tomará oficialmente posse na próxima segunda-feira, para um mandato de dois anos e meio, tornando-se o quarto presidente do fórum de ministros da Zona Euro, depois do luxemburguês Jean-Claude Juncker, do holandês Jeroen Dijsselbloem e de Mário Centeno, que abdicou de concorrer a um segundo mandato ao abandonar o cargo de ministro das Finanças.
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