Altice quer revisão do caderno de encargos do 5G. “Mundo mudou” com a pandemia
A Anacom retomou o processo do 5G, mas fê-lo nas mesmas condições que estavam em cima da mesa antes da pandemia. É algo que "tem de mudar", avisou Alexandre Fonseca, líder da Altice Portugal.
O presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, considera que o caderno de encargos do 5G deve ser revisto pela Anacom, uma vez que “o mundo mudou” por causa da pandemia. Fonseca falou aos jornalistas à margem da apresentação do novo tarifário Meo Energia.
“Este processo de consulta que foi retomado é exatamente o mesmo que tinha sido lançado antes da pandemia. Todos os líderes políticos e económicos a nível mundial dizem que o mundo mudou. O único responsável que pelos vistos acha que o mundo não mudou é o presidente da Anacom”, criticou o gestor.
Em causa está o projeto de regulamento do leilão de frequências para a quinta geração de rede de comunicações, através do qual o Estado poderá encaixar quase 238 milhões de euros, um valor substancialmente acima do que as operadoras estarão dispostas a pagar. “Entendemos que não pode ser assim”, disse Alexandre Fonseca, referindo-se ao facto de a consulta pública entretanto retomada e já finalizada ser a mesma que estava em cima da mesa antes da Covid-19.
“Tem de mudar, porque aquilo que são hoje as prioridades estratégicas dos Estados e da economia não são necessariamente as mesmas. Vejamos os investimentos na área da saúde, na área da educação, da intervenção social e na proteção das pessoas. São hoje prioridades dos Estados que não eram há quatro ou cinco meses atrás”, indicou.
4G é suficiente e responde às necessidades
Outra crítica de Alexandre Fonseca foi direcionada ao plano do Governo para o 5G. Um plano que, apesar de a Altice Portugal “concordar” com o mesmo, inclui objetivos de cobertura acima do necessário, garantiu o gestor.
“Há quatro meses dizíamos que achávamos que essas coberturas eram demasiadas. Mas achávamos. Passada a pandemia [pico], verificamos que são demasiadas. Assistimos a crescimentos de tráfego que variaram entre 30% na rede móvel, até aos 100% na televisão, passando por 60% na rede fixa. E passamos por esta fase em Portugal sem qualquer tipo de impacto. Absorvemos estes crescimentos de utilização e a rede de fibra e a rede de 4G da Altice Portugal — e as da generalidade dos outros operadores — passaram incólumes”, sublinhou.
“Significa que as redes que existem hoje para os portugueses são mais do que suficientes para aquilo que é o plano de transição digital definido pelo Governo”, rematou o líder da dona da Meo.
Esta semana, a Anacom revelou o novo calendário do 5G, esperando arrancar com o leilão em outubro, concluir o mesmo em dezembro e finalizar a atribuição dos direitos em janeiro ou fevereiro de 2021. Para Alexandre Fonseca, significa que as primeiras ofertas comerciais de quinta geração só serão disponibilizadas, eventualmente, no primeiro trimestre de 2021.
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