Peso da taxa fixa duplicou nos novos contratos de crédito para comprar casa

No ano passado, o peso dos contratos de crédito à habitação de taxa fixa duplicou nas novas contratações. Taxa variável continua, no entanto, a dominar.

A taxa fixa está a seduzir mais portugueses na hora de contratar empréstimos para a compra de casa. No ano passado, o peso dos contratos de crédito à habitação de taxa fixa duplicou nas novas contratações. Do total de mais de 92 mil novos empréstimos da casa celebrados no ano passado, a maioria continuou a ser a taxa variável, mas contabilizaram-se mais de 3 mil realizados a taxa fixa.

No ano passado, aumentou não só o número de contratos de crédito à habitação como o montante disponibilizado. No total foram celebrados 92.141 novos empréstimos da casa envolvendo um montante global de 10,3 mil milhões de euros. Ou seja, um aumento de 4,5% e 7,8%, respetivamente, face ao verificado no ano passado.

Nesse bolo de contratos, a taxa variável manteve-se como a opção privilegiada pela generalidade dos portugueses que recorrem ao financiamento bancário para comprar casa. “A taxa variável continuou a ser predominante no crédito à habitação, tendo representado 86,5% dos contratos celebrados, uma proporção semelhante à de 2018″, diz a esse propósito a entidade liderada por Carlos Costa.

Tendo em conta um universo total de novos contratos de crédito à habitação celebrados, esta proporção apontará para um total de novos empréstimos a taxa variável a rondar os 79,7 mil contratos.

Contudo, os dados do Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho de 2019 divulgado pelo Banco de Portugal apontam para um aumento da preferência dos portugueses em fixar por períodos mais prolongados a taxa de juro dos seus créditos da casa. Esta situação ocorreu num ano marcado por novos mínimos históricos das Euribor, com muitos portugueses possivelmente a procurarem tirar partido dessa circunstância para fixar o valor dos encargos mensais com a casa em níveis mais baixos.

Nesse quadro, foi percetível que os empréstimos de taxa mista foram menos uma opção, com os clientes a transferirem-se para os créditos de pura taxa fixa.

“Em 2019, a taxa mista perdeu importância, passando a representar 10,2% dos contratos celebrados (12,2% em 2018)”, diz o relatório que adianta ainda que “nestes contratos, que têm um período inicial de taxa fixa seguido de um período de taxa variável, aumentou a duração do período inicial de fixação da taxa de juro (mais dois anos e meio, face a 2018).

Já o peso dos contratos celebrados a taxa fixa aumentou para 3,3% dos contratos celebrados em 2019. Ou seja, quase o dobro quando comparado com a proporção de 1,8% que se verificou em 2018. “Para esta evolução contribuiu sobretudo o aumento da contratação a taxa fixa (mais 1.447 contratos correspondentes a mais cerca de 160 milhões de euros)”, diz o BdP, elevando assim para em torno de 3.040 o total de novos créditos de taxa fixa realizados no ano passado.

Créditos com maturidades acima de 40 anos já são residuais

Outra das tendência observadas no ano passado prende-se com a maturidade dos contratos de crédito à habitação que revelou a primeira quebra em sete anos. “O prazo médio dos novos contratos diminuiu, o que aconteceu, pela primeira vez, desde 2013: passou de 33,4 anos em 2018 para 32,8 anos em 2019”, diz o regulador da banca.

Com a redução da maturidade média dos contratos, os empréstimos com prazos superiores a 40 anos tornaram-se quase residuais. No ano passado passaram a representar apenas 0,1% dos contratos celebrados, “um peso significativamente inferior aos 7,8% registados em 2018”.

“Estas reduções são consonantes com as restrições impostas à maturidade dos novos contratos de crédito à habitação pela medida macroprudencial do Banco de Portugal, em vigor desde 1 de julho de 2018”, esclarece a este propósito o regulador. Nessa ocasião, a entidade liderada por Calos Costa recomendou aos bancos que estabelecessem um teto máximo de 40 anos na maturidade dos empréstimos, com o objetivo de limitar os riscos de incumprimento associados aos empréstimos.

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