Merkel prevê negociações “muito difíceis” no Conselho Europeu dadas as divergências
“Chegámos às negociações com muita dinâmica, mas devo dizer que as diferenças ainda são muito grandes e não consigo prever se teremos já um acordo”, embora isso fosse “o desejável”, disse Merkel.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse esta sexta-feira esperar negociações “muito difíceis” no Conselho Europeu, em Bruxelas, dadas as “divergências muito grandes” ainda existentes entre os líderes europeus sobre a resposta à crise gerada pela covid-19.
“Chegámos às negociações com muita dinâmica, mas devo dizer que as diferenças ainda são muito grandes e não consigo prever se teremos já um acordo”, embora isso fosse “o desejável”, afirmou Angela Merkel, em declarações prestadas na chegada ao Conselho Europeu extraordinário, o primeiro presencial em Bruxelas desde o início do surto de covid-19.
A responsável admitiu, por isso, esperar “negociações muito difíceis”, apelando ao “trabalho árduo” dos chefes de Governo e de Estado da UE.
Para a chanceler alemã, é necessário “muito empenho de todos para alcançar algo que seja bom para a Europa e para os cidadãos europeus, tendo em conta a pandemia, e para responder às dificuldades económicas”.
Os líderes da UE reúnem-se a partir desta sexta-feira em busca de um compromisso sobre o plano de relançamento face à crise da covid-19 que todos admitem ser urgente, mas um acordo afigura-se difícil de alcançar.
No primeiro Conselho Europeu presencial dos últimos cinco meses – a anterior cimeira “física” teve lugar em fevereiro, antes da chegada da pandemia da covid-19 à Europa –, e que deverá prolongar-se pelo menos até sábado, os 27 terão de ultrapassar as muitas diferenças que ainda os separam relativamente às propostas de um Fundo de Recuperação e do orçamento da União para 2021-2027.
A fasquia é alta: aprovar o Quadro Financeiro Plurianual, o orçamento da UE para 2021-2027, de 1,07 biliões de euros, e o Fundo de Recuperação pós-pandemia que lhe está associado, de 750 mil milhões de euros.
Parece haver acordo entre todos os 27 quanto à necessidade de uma resposta urgente à crise, mas as posições quanto às modalidades dessa resposta estão afastadas e, admitem vários dirigentes europeus, o consenso exigido está longe de adquirido e esta pode não ser a cimeira que aprova o orçamento.
Isto porque persistem grandes divergências quanto à distribuição das verbas do fundo de recuperação, que a proposta da Comissão Europeia prevê sejam canalizados em dois terços (500 mil milhões de euros) através de subvenções e um terço (250 mil milhões de euros) de empréstimos em condições muito favoráveis.
Os chamados “países frugais” – Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia e, em menor grau, a Finlândia – opõem-se à proporção de verbas canalizadas sob a forma de subvenções, defendendo uma maior proporção de verbas por empréstimo e que os fundos sejam condicionados à realização de reformas, que permitam aos países em pior situação fazer face a futuras crises sem ajuda europeia. A cimeira deve prolongar-se pelo fim de semana.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Merkel prevê negociações “muito difíceis” no Conselho Europeu dadas as divergências
{{ noCommentsLabel }}