Jogo online dispara no início da pandemia. Cresce 70% no primeiro semestre
Os apostadores portugueses viraram-se para o jogo online quando os casinos fecharam, levando o volume de apostas a crescer 70% no primeiro semestre.
O volume de apostas nos jogos de fortuna ou azar online aumentou 70% no primeiro semestre deste ano, em termos homólogos, fixando-se em 2,3 mil milhões de euros. Foi nos meses do estado de emergência, março e abril, que se verificaram os maiores aumentos nas apostas. Em junho, com a reabertura dos casinos, os números normalizaram.
“Relativamente aos jogos de fortuna ou azar, o volume de apostas atingiu 2,3 mil milhões de euros, no 1.º semestre de 2020, valor 1,7 vezes superior ao registado no período homólogo anterior“, afirma o Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), num relatório divulgado esta segunda-feira sobre o impacto da pandemia nos jogos online, concretizando que “o crescimento mais expressivo ocorreu a partir de meados de março e com especial incidência no decorrer do mês de abril”.
O que explica este aumento expressivo das apostas online? “Esta evolução poderá ser explicada, parcialmente, não só pelo encerramento, a 14 de março, por força da Covid-19, de todos os casinos, (onde são explorados os jogos de fortuna ou azar de base territorial), tendo estes retomado a sua atividade a 1 de junho, mas eventualmente devida também à redução de oferta verificada nas apostas desportivas online nesse período“, explica o SRIJ.
Em comunicado, o Ministério da Economia assume que “a situação de pandemia teve impacto na atividade dos jogos e apostas online, traduzindo-se em variações significativas e atípicas no volume de apostas realizado, contrariando as tendências normais de crescimento que vinham sendo observadas em período anterior”. Apesar disso, o gabinete de Pedro Siza Vieira argumenta que esta atividade manteve “um certo equilíbrio, no contexto das alterações do próprio mercado e do comportamento dos jogadores”.
“O mercado regulado nacional dos jogos e apostas online, apesar de recente e, por isso, pouco maduro, revelou-se capaz e apto, sem sobressaltos, a resistir e a adaptar-se num período de grandes mudanças, retomando, a partir de junho de 2020, uma progressiva e gradual atividade, voltando a padrões de jogo similares aos anteriores à doença Covid-19”, acrescenta o Ministério.
No início de abril, perante notícias que já davam conta deste aumento das apostas online, o Parlamento — com os votos contra do PSD, CDS-PP, Iniciativa Liberal e Chega — aprovou uma proposta do PAN que criava limitações “parciais ou totais de acesso às plataformas de jogo de azar online” até ao fim do estado de emergência.
Apostas desportivas descem, mas grandes competições compensaram
O mesmo relatório revela que as apostas desportivas baixaram significativamente com a suspensão da maioria das competições desportivas entre março e junho. O SRIJ assinala que, após dois meses “normais” em janeiro e fevereiro, verificou-se “a partir de março uma quebra acentuada, atingindo o seu valor mínimo em abril (7,7 milhões de euros)“.
Esta trajetória levaria a uma redução notória das apostas desportivas no primeiro semestre, mas o volume destas acabou por ficar apenas 3,6 milhões de euros aquém do valor homólogo: 239,9 milhões de euros no primeiro semestre de 2020, em comparação com 243,4 milhões de euros no primeiro semestre de 2019.
O que explica esta diferença tão reduzida? É que a recuperação dos meses de desconfinamento foi rápida por causa da natureza das competições. “Em maio de 2020, com o retorno à atividade de algumas das competições desportivas que geram maior volume de apostas, observou-se a retoma do valor das apostas desportivas à cota, sendo esta mais marcante em junho, onde se registaram mais 28,2 milhões de euros face ao mês anterior, atingindo níveis próximos dos apurados em fevereiro de 2020″, explica o Ministério da Economia.
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