Novo Banco: Nacionalização à esquerda, venda à direita
O Novo Banco continua a estar na luz da ribalta. Se, por um lado, a esquerda apoia uma nacionalização. Por outro, a direita defende que o processo de venda tem de ir até ao fim.
O Novo Banco volta a estar na luz da ribalta. E pelos mesmos motivos. Venda ou nacionalização? A solução para o banco de transição voltou a ser discutida no debate da atualidade, no Parlamento. Um tema que não surpreende, uma vez que a solução para o banco de transição tem criado divergências da esquerda à direita. Se o Bloco de Esquerda e PCP defendem a nacionalização do banco, a direita acredita que se o processo de venda arrancou, agora é para ir até ao fim.
O banco de transição, que nasceu da falência do Banco Espírito Santo, está à venda. Mas se a primeira tentativa falhou, a segunda também não está a correr bem. E este processo, que já se arrasta há dois anos e meio, continua em foco na esfera política. No debate da atualidade, na Assembleia da República, os deputados voltaram a adotar dois lados no caso Novo Banco: o da venda ou da nacionalização. À esquerda, a manutenção do banco de transição na esfera pública parece ser a melhor solução.
"Já que pagamos [o Novo Banco], queremos controlar o banco ou vendê-lo a um fundo abutre?”
“Já que pagamos, queremos controlar o banco ou vendê-lo a um fundo abutre?”, questiona Mariana Mortágua, que já defendeu o caminho da nacionalização. A deputada do Bloco de Esquerda diz que “se o Novo Banco for vendido, praticamente 70% da banca de relevo fica em mãos estrangeiras. E se a venda é uma ideia perigosa, o que dizer da sua entrega a fundos ‘abutre‘”, referindo-se ao principal candidato à compra do banco liderado por António Ramalho, o Lone Star.
Esta posição também é defendida pelo PCP, que diz que está contra a venda do Novo Banco. Miguel Tiago defende que “deve nacionalizar-se o Novo Banco, mas não de forma temporária”.
O próprio PS não exclui esta hipótese de nacionalização. João Galamba nota que a posição de princípio do PS é a defesa dos interesses do Estado e dos contribuintes. “Faremos aquilo que for melhor para o Novo Banco”, independentemente de ser uma venda ou uma nacionalização, diz o deputado do PS. Tudo depende das propostas e dos compradores, acrescenta. Mas a posição do deputado já é conhecida: “a nacionalização do Novo Banco parece ser mesmo a opção que menos penaliza os contribuintes”.
Venda? Só à direita
Mas, para a direita, se o processo de venda arrancou, agora tem que ir até ao fim. O deputado do PSD Marco António Costa diz que “seria um paradoxo o Governo querer mais um banco público quando trata de forma tão desastrada um que já é seu”, falando da Caixa Geral de Depósitos. No entanto, nos últimos dias “a narrativa” aponta para a nacionalização, acrescenta o deputado do PSD.
Uma solução que o PSD já disse não apoiar. “Não contem connosco para aventuras ruinosas”, disse o deputado, depois de o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, ter acusado o Governo de estar a desvalorizar o Novo Banco, e reiterou que o partido não defenderá a nacionalização de nenhuma entidade bancária.
Já o CDS diz não alinha “na estratégia suicida do PS”. João Almeida defende que se o PS “escolheu manter o processo de venda, que se analisem as propostas, que se escolha a melhor para o país e se concretize o processo”. Se for para vender, o Governo tem até agosto de 2017 para fazê-lo — o prazo imposto por Bruxelas. Subtraindo a nacionalização e a venda, há ainda a hipótese de uma liquidação. Uma saída que Mário Centeno já excluiu do leque de opções.
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