De Nürburgring para a estrada. Este é um Mégane RS especial
O RS Trophy-R é selvagem quanto baste para nos assustar das primeiras vezes, mas depois torna-se viciante conduzir este carro de corrida que pode andar nas estradas do dia-a-dia.
160, 200, 235 km/h… trava para a curva, uma mudança abaixo e volta a pisar o acelerador. Volta aos 200 km/h… e continua a ganhar velocidade até a meta do Nürburgring Nordschleif. A terceira versão do Mégane RS Trophy-R seguiu o exemplo dos antecessores, alcançando um tempo recorde de 7’40’’10 no famoso circuito germânico. Conquistou o título de automóvel de tração dianteira mais rápido do mundo, uma distinção que a Renault trouxe das pistas para as estradas. Sim, este carro de corrida pode ser conduzido no dia-a-dia.
Quase sempre nos habituámos a ver carros em pista que conhecemos da rua. Estão “inchados”, com os seus pára-choques de grandes dimensões, inúmeras entradas de ar para arrefecer toda a mecânica, além das pinturas mais radicais. São carros de corrida que quando chegam aos stands se tornam mais civilizados. Neste caso, não. A Renault seguiu a lógica do what you see is what you get, e bem. Este RS não passa despercebido em lado nenhum, seja pela estética, seja pela potência que se ouve muito bem.
Este hot hatch branquinho, com decalques a vermelho vivo, com jantes de liga leve a condizer, garante muitos olhares nada discretos daqueles com quem nos cruzamos na estrada — e até alguns piropos para a “máquina”. Quando se carrega no pedal direito com mais veemência, aí corremos o risco de pregar um susto a alguém. O exclusivo sistema de escape em titânio da Akrapovic é um brilhante amplificador de toda a potência escondida debaixo do capot em fibra de carbono desta edição exclusiva — há apenas 500, 10 em Portugal.
300 cv para (tentar) domar
Não há forma discreta de conduzir este Mégane RS, nem faria sentido. Este é um carro de corrida a sério, dotado de um bloco 1.8 a gasolina capaz de debitar 300 cv e com um binário de 420 Nm. São números que se traduzem em muita emoção ao volante. Mais impressionante que fazer dos 0 aos 100 km/h em 5,4 segundos, ou os 262 km/h de velocidade máxima, é mesmo a sensação de se ser esmagado contra a bacquet de cada vez carregamos no acelerador.
É verdade que há neste RS Trophy-R um modo “Confort” — que não faz grande sentido —, mas é impossível não usar sempre o “Sport” ou o “Sport+”, que nos dá toda a potência e o controlo quase total de tudo no Mégane. Com a potência toda disponível, um pé firme no acelerador obriga o Renault a esgravatar o alcatrão em busca de aderência. É selvagem quanto baste para nos assustar das primeiras vezes, mas depois torna-se viciante. Toda e qualquer reta é uma oportunidade de pôr o conta-rotações la bem em cima. Pena é não haver uma pista para mais.
Falta o capacete… e o banco de trás
Há uma afinação perfeita da mecânica neste RS Trophy-R. Uma versão especialmente pensada para os que adoram potência, velocidade. De tal forma que tudo o que não serve esse propósito foi retirado deste carro de 80 mil euros. Exemplos? Há tantos, mas o que salta logo à vista neste família compacto de 5 portas é que as duas de trás estão la apenas para “enfeitar”. É que não há sequer banco traseiro! Foi uma das formas que a marca francesa encontrou de emagrecer em 130 kg o Trophy-R face ao Trophy.
Há, atrás, uma barra para reforçar a traseira do Mégane, garantindo que além de uma resposta brutal em reta se conseguem superar as curvas e contracurvas sempre com grande estabilidade. E à frente, apenas lugar para dois, que vão sentados em bacquets monobloco da Sabelt, feitas de material compósito e cobertas a alcântara. Cumprem a função sem massacrar as costas dos ocupantes que pouco tempo poderão perder a olhar para o ecrã dê infoentretenimento colocado no centro do tablier… e que “escapou” à dieta. Está lá, mas em vez das 8,7 polegadas do RS Trophy, este é de apenas 7 polegadas.
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