Ping An tem cinco apps com mais de 100 milhões de utilizadores cada
Com os lucros das três maiores seguradoras do mercado chinês não Vida a deslizar em torno dos 30% nos primeiros seis meses de 2020, a Ping An volta a sobressair na dinâmica de crescimento digital.
O lucro combinado das três maiores companhias chinesas no setor não Vida, por receita bruta de prémios de seguro, desceu 30,6% até junho, face aos primeiros seis meses 2019, arredondando 24,6 mil milhões de yuan (cerca de 3,09 mil milhões de euros). Apesar do declínio do resultado líquido, PICC, Ping An e a CPIC cresceram entre 4% e 13% em receitas com prémios de seguro no primeiro semestre de 2020.
O lucro das três no negócio não Vida distribuiu-se em perto de 13,2 mil milhões de yuan pela PICC P&C, cerca de 8,27 mil milhões da Ping An (negócio não Vida) e perto de 3,2 mil milhões de yuan arrecadados pela China Pacific Property.
No caso da PICC (People’s Insurance Company of China), líder local nos seguros P&C (propriedade e danos), o lucro da subsidiária P&C resvalou 22%, face ao semestre homólogo de 2019, para os 13,18 mil milhões de yuan, com os prémios a crescerem 4,4%, superando os 246 mil milhões de yuan, reportou o site de informação financeira Morningstar. A queda do lucro refletiu o incremento de despesas fiscais (antes de impostos, o lucro cresceu acima de 4%), enquanto o acréscimo da receita foi explicado por +2,8% no segmento seguro automóvel, o qual gerou sozinho mais de 131 mil milhões de yuan em prémios.
O Ping An Insurance (Group) Co of China (Ping An) reportou cerca de 68,7 mil milhões de yuan (cerca de 8,6 mil milhões de euros), apontando queda de 29,7% no lucro líquido atribuível a acionistas, o declínio mais acentuado nos resultados em mais de uma década e a refletir o impacto da pandemia (Covid-19), revela informação do grupo à bolsa de Hong Kong. O lucro consolidado pela gigante chinesa líder nos canais digitais havia derrapado perto de 43% no primeiro trimestre, depois de ter escalado 39% no conjunto de 2019.
Apesar do recuo no resultado líquido, devido ao impacto da pandemia nas operações do grupo, a companhia que consolida serviços bancários, seguros e tecnologia, aumentou o resultado operacional (conjunto do grupo) em 1,2% nos primeiros seis meses de 2020, para 74,3 mil milhões de yuan, apresentando rácio combinado em terreno positivo (98,1%, ou 1,5 p.p. pior do que calculado um ano antes) no negócio P&C. Este setor, que pesa bastante menos que os ramos Vida e Saúde nas contas da Ping An, gerou 8,27 mil milhões de yuan de lucro líquido, em queda de 30,4% face a igual período de 2019. Apesar do impacto da pandemia no negócio Não Vida, a receita com prémios de seguros aumentou 10,5%, para 144,12 mil milhões de yuan (mais de 18 mil milhões de euros).
Mas foi na sua base de retalho que a Ping An continuou a mostrar desempenho notável. A carteira da companhia cresceu 4,6% no semestre, totalizando 210 milhões de clientes. Destes, perto de 74 milhões são clientes de banca de retalho, 64,8 milhões formam a carteira de seguros do ramo Vida e 51,2 milhões são do ramo automóvel, enquanto os restantes distribuem-se por outros serviços financeiros.
Nos primeiros seis meses de 2020, período em que a pandemia travou a economia global, a seguradora chinesa somou mais de 18 milhões de novos clientes na net, 35% dos quais angariados através dos utilizadores que orbitam os ecossistemas do grupo (banca e seguros; saúde; automóvel; imobiliário e tecnologia smart city), ou seja, incluindo todas as subsidiárias do grupo.
Do início de 2020 até final de junho, o grupo cresceu 8,7% na sua base digital de retalho atingindo 560 milhões de utilizadores, sendo 510 milhões os que já utilizam as APIs acessíveis pela internet. Cada uma das cinco principais apps superou 100 milhões de utilizadores registados, enquanto o número de contratos de seguro por cliente cresceu de 1,9%, para 2,69% no semestre, graças à estratégia de cross-selling dirigida à base de clientes. Mais de 78 milhões de clientes têm mais de um produto da Ping An, indica o reporte semestral.
Estrategicamente focada no par tecnologia e serviços financeiros, a companhia aposta em I&D e desenvolve competências core próprias (IA, análise dados; robotização e noutras frentes), ao mesmo tempo, assegura os direitos de propriedade intelectual e industrial. Isto explica os 110 mil especialistas em tecnologia e 3000 cientistas que o grupo emprega, parte dos quais alocados a oito institutos de investigação e 57 laboratórios, ao que acrescem parcerias com algumas das maiores universidades chinesas. Este ano, refere ainda a informação distribuída ao mercado bolsista, colocou mais 4 625 patentes em processo de registo, contabilizando total superior a 26 mil, um número que coloca a gigante chinesa, pelo segundo ano consecutivo, no topo da lista das fintech com mais patentes registadas.
Resta recordar que a Ping An – que instala consultórios médicos amovíveis pelas cidades como se de cabines telefónicas se tratasse -, assenta o modelo de negócio na divisa “um cliente, multiprodutos num único ponto de serviço”, repetiu em 2020 – pela quinta vez consecutiva – o primeiro lugar na lista das marcas globais mais valiosas entre seguradoras.
Por fim, a China Pacific Insurance, que completa o trio líder do mercado chinês de seguros gerais (P&C), sendo também a 3ª maior em seguros Vida, reportou quebra de 25% no volume de novos negócios, para um montante em torno de 11,2 mil milhões de yuan. No termo do semestre, o lucro da China Pacific desceu 12%, para os 14,24 mil milhões de yuan na globalidade do perímetro do grupo. A China Pacific Property Insurance, subsidiária que consolida o negócio não Vida (P&C) apresentou 3,18 mil milhões de yuan de resultados líquidos, um desempenho 5,2% inferior ao apurado um ano antes.
Penalizada pelo impacto da pandemia sobre um modelo de negócio tradicional, muito baseado na rede física de agências (em contraste com a gigante digital Ping An), a China Pacific anunciou que vai privilegiar o desenvolvimento do segmento saúde.
Na sua globalidade, de acordo com números do organismo regulador (CBIRC), o mercado chinês de seguros (todos os ramos incluídos) cresceu 7% no acumulado dos primeiros sete meses de 2020 (janeiro a julho) alcançando volume bruto de prémios calculado em 3,01 biliões de yuan (cerca de 378 mil milhões de euros, ao câmbio corrente).
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