Com a geringonça “vamos continuar a empobrecer alegremente”

  • Lusa
  • 7 Outubro 2020

Presidente do Fórum para a Competitividade lamenta que o Governo se posicione tão à esquerda e diz mesmo que está mais à esquerda “do que o PS alguma vez foi”.

Pedro Ferraz da Costa diz que se a ‘geringonça’ continuar a condicionar a política do Governo, Portugal continuará a empobrecer e lamenta que o PS esteja muito diferente do partido liderado por Mário Soares ou António Guterres.

“Se continuarmos com uma política condicionada pela existência da ‘geringonça’ vamos ter imensa dificuldade em sair desta situação. Vamos continuar a empobrecer alegremente e a baixar o nosso lugar no ‘ranking’ dos países europeus” advertiu, em entrevista à Lusa.

O presidente do Fórum para a Competitividade lamenta que o Governo se posicione tão à esquerda e diz mesmo que está mais à esquerda “do que o Partido Socialista (PS) alguma vez foi”.

“O PS de hoje não tem nada a ver com o dos tempos do Dr. Mário Soares ou do engenheiro António Guterres”, sublinha.

O empresário diz mesmo que nos contactos que existem com o Governo, sempre que há soluções que possam ser vistas como um apoio às empresas surge “imediatamente uma resistência e um travão”.

Pedro Ferraz da Costa diz que o Governo segue uma política “anti empresa” e exemplifica-o com o facto de se pretender tornar novamente mais rígido o mercado de trabalho ou por se manter uma política fiscal demasiado penalizadora sobre a classe média que torna os empregos “muito pouco estimulantes”.

“É muito mais barato para uma empresa pagar bem em Espanha do que em Portugal, porque a fatia que aqui vai para a Segurança Social e para o IRS é brutal”, explica.

Também ao nível do IRC, as críticas vão para o peso excessivo dos impostos: “Temos um IRC progressivo, em que as empresas de maior dimensão pagam mais impostos, quando devíamos ambicionar ter empresas maiores às que temos hoje”.

Ferraz da Costa sublinha que Portugal é dos países da União Europeia em que as empresas mais pequenas apresentam uma produtividade muito baixa, de apenas 40% da média europeia, mas que nas empresas maiores essa produtividade representa 80% da média. Um fator que, segundo o empresário, justifica que os salários médios sejam mais altos nas empresas de maior dimensão.

“Os salários médios nas empresas maiores em Portugal são quase quatro vezes o que são nas mais pequenas. Se tivéssemos mais empresas médias e grandes tínhamos um salário médio de mais 150 euros por mês. É uma diferença muito significativa”, assegura.

O líder do Fórum para a Competitividade aponta estes fatores para que não haja mais empresas de maior dimensão em Portugal e afasta a ideia de que são os empresários que não querem abrir mão de parte do capital das empresas e, dessa forma, tentar crescer.

“É quase impossível acumular capital. Bastava termos mecanismos mais generosos de dedução dos lucros que fossem reinvestidos, como existe, por exemplo em Espanha e já era completamente diferente. Há muito poucas condições para investir e é por isso que as pessoas investem fundamentalmente com base em financiamento bancário, porque também não há mercado de capitais”.

“Se continuarmos com esse tipo política vai ser muito difícil. Não me parece que as coisas vão melhorar”, conclui.

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