BRANDS' TRABALHO Apesar da pandemia, o futuro já chegou às organizações

  • BRANDS' TRABALHO
  • 12 Outubro 2020

Tânia Ribeiro, Senior Manager EY, People Advisory Services, explica a importância de as empresas construirem um roadmap estratégico que integre tecnologia e pessoas para serem líderes do futuro.

É normal, dado o contexto em que vivemos, sobretudo com a entrada no outono e o galopante aumento de casos Covid-19 na Europa, as empresas estarem maioritariamente focadas no curto prazo, procurando assegurar a eficiência das operações e a segurança e bem-estar dos colaboradores. É normal, mas é perigoso. Não estávamos preparados para esta distopia, nem temos grandes certezas sobre o caminho, o que nos tolda a coragem para a tomada de grandes decisões estratégicas, mas o futuro tem pressa e já chegou às organizações. Entrou sem ser convidado, é um facto: agora não nos dava jeito, temos uma crise para gerir… mas é importante tratá-lo da melhor forma, sob o risco de perdermos a relevância no mercado.

É certo que a disrupção tecnológica já se vinha a sentir nos últimos tempos. No Global Capital Confidence Barometer da EY, em dados pré-covid (fevereiro 2020), cerca de três quartos dos C-suite afirmavam que as suas organizações estavam em processo de implementação de programas de transformação, sobretudo devido à pressão dos acionistas para o cumprimento das ambiciosas metas financeiras e à dificuldade em atrair e reter novos clientes. No entanto o confinamento veio demonstrar que apesar dos esforços empreendidos, as organizações não estavam preparadas para enfrentar a atual disrupção.

A acrescer a isto, temos de introduzir outra variável na equação: o consumidor mudou. Com a reabertura da economia deparámo-nos com uma nova realidade. O Future Consumer Index da EY refere que nos próximos meses 52% dos consumidores irão alterar a forma de fazer as suas compras e 41% dizem que vão mudar os produtos que compram. Os consumidores preferem cada vez mais empresas e produtos que sejam ética e ambientalmente responsáveis e que apoiem as comunidades.

A pandemia serviu assim de acelerador exponencial para o futuro. A transformação já não é uma simples opção, mas uma condição essencial para o sucesso. O que fazer? Ter coragem e reiniciar. Preparar as organizações para o novo ciclo, começando com uma simples pergunta: Why? – Qual a nossa razão de ser? Que propósito queremos? Como garantir relevância no futuro?

"As empresas que conseguirem atuar em simultâneo no curto e no longo prazo, acelerando a sua transformação através de um roadmap estratégico que integre tecnologia e pessoas, serão as líderes do futuro.”

Tânia Ribeiro

Senior Manager EY, People Advisory Services

O modelo de negócio deve ser revisto à luz das oportunidades do digital e das novas tendências de mercado. O exercício não é fácil, pois muitas variáveis são difíceis de prever, pelo que se recomenda a construção de cenários que permitam identificar a opção com maiores benefícios overall. Esta reflexão deve ser empreendida numa lógica de startup, sem os preconceitos e bloqueios das empresas mainstream. É preciso procurar oportunidades para lá das fronteiras, equacionar modelos de negócio mais ágeis, o trabalho em rede e parcerias de longo prazo.

Seguros do cenário escolhido – dentro daquilo que a complexidade e ambiguidade do mundo moderno nos habituou – é o momento de construir o roadmap estratégico da transformação. É aqui que muitas empresas se despistam, com roadmaps fragmentados, onde cada área assume o ownership da sua transformação. O resultado são organizações a diversas velocidades, desalinhadas e com muito ruído na engrenagem. É essencial uma abordagem holística e integrada, com a tecnologia a assumir o papel de facilitador e os colaboradores, o ativo mais importante das organizações, o de agentes da transformação.

Inúmeras questões se colocam nesta fase, e a todas temos de responder da melhor forma para assegurar que o esforço empreendido não é em vão: o design organizacional atual é o mais adequado? Como trabalhar de forma mais ágil? Como devem evoluir as funções? Tenho a tecnologia necessária e os processos otimizados? Tenho analytics que me assegurem boas decisões? Que cultura devo ter para suportar a nova estratégia? Estou a gerir da melhor forma o meu talento? Quais as competências necessárias para entregar a estratégia com sucesso? Os meus líderes estão preparados para o futuro? Como fazer o reskilling dos colaboradores? Como alinhar e galvanizar as pessoas para a mudança?

A transformação é um processo complexo, temos de admiti-lo. Mas ao mesmo tempo, fascinante nos seus múltiplos desafios. Se for deliberado (e não reativo) e desenhado de forma integrada, podemos com confiança dizer: o futuro já chegou às organizações. E nós estamos preparados!

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