Stayaway Covid obrigatória? Nas redes sociais instala-se a app no telemóvel da avó e até no telefone fixo

  • Tiago Lopes
  • 15 Outubro 2020

O país voltou ao estado de calamidade. António Costa apresentou medidas para travar o aumento de pessoas infetadas com Covid-19, mas nem todas foram bem aceites.

Portugal entrou novamente em estado de calamidade esta quinta-feira, dia 15 de outubro, como consequência do aumento significativo do número de casos diários de pessoas infetadas com Covid-19.

Como resposta a este aumento, o Governo liderado por António Costa anunciou um conjunto de medidas discutidas em Conselho de Ministros no sentido de travar a curva crescente de casos diários do novo coronavírus.

“Em toda a Europa, temos vindo a verificar um agravamento progressivo e consistente da situação da pandemia de Covid-19 desde meados de agosto. Infelizmente, Portugal não é exceção e podemos classificar a evolução da pandemia no nosso país como uma evolução grave”, disse esta quarta-feira António Costa.

Entre as várias medidas apresentadas houve uma que se destacou: o uso obrigatório da aplicação Stayaway Covid em contexto laboral, escolar e académico, pelas forças armadas e de segurança e na administração pública.

Apesar de ainda não estar em vigor, uma vez que o Governo teve de apresentar à Assembleia da República uma proposta de lei para que possa aplicar esta medida, a discussão estalou. Em parte, porque nem todos conseguem instalar a app.

“A minha avó hoje pediu para lhe instalar a Stayaway Covid porque ouviu que ia ser obrigatório. Este é o telemóvel dela”, escreveu um utilizador acompanhado de uma imagem de um telemóvel antigo.

O eurodeputado do CDS Nuno Melo também alerta que nem todos os telemóveis permitem a instalação desta aplicação. E questiona: “como é que o Governo vai fazer?”.

Há também quem deixe algumas sugestões como forma de promover uma melhor aceitação da instalação da aplicação. “Se a Stayaway Covid oferecesse descontos de 50 cêntimos por litro no gasóleo e gasolina aposto que vocês até a instalavam no telefone fixo!”.

Mas a discussão tem sido mais acesa em torno da sua legalidade, também nas redes sociais. Se muitos encaram esta medida como um atentado à liberdade, outros reagem de forma irónica e lembram que muitas das aplicações instaladas nos smartphones recolhem muito mais dados dos utilizadores do que a Stayaway Covid.

É o caso de um utilizador que apresenta uma imagem onde compara as permissões das aplicações TikTok, Twitter e Facebook com as da Stayaway Covid. “Acho inadmissível a Stayaway Covid controlar a vida dos portugueses. Maldito governo de esquerda”, escreve de forma irónica João Manuel Garrido.

“Cidadão com conta Google, Facebook, Apple, Uber, Twitter, TikTok, Tinder, Via Verde, Finanças e 25 cartões de pontos e fidelização expressa preocupação com o uso de dados pessoais da aplicação Stayaway Covid”, escreve outro utilizador no Twitter.

Para além da ironia, há muitos que não não concordam com esta medida. A candidata presidencial, Marisa Matias, reconhece que “muitas medidas anunciadas são justas e necessárias”, mas em relação à obrigação de ter a app instalada considera ser uma medida “inconstitucional”.

A deputada do PSD, Margarida Balseiro Lopes, também recorreu ao Twitter para escrever que não concorda com esta medida, considerando ser “indecorosa” e “constitucionalmente inaceitável”.

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