UE precisa de instrumentos contra ”agressão económica” da China e EUA

  • Lusa
  • 21 Outubro 2020

Entre os instrumentos propostos está a criação de um banco europeu de exportações, estabelecer um euro digital e restringir o acesso aos mercados para contrariar a “agressão económica” da China e EUA.

A União Europeia deve criar um banco de exportações, estabelecer um euro digital e restringir o acesso aos mercados europeus para contrariar a “agressão económica” de potências como a China e os EUA, defende um relatório divulgado esta quarta-feira.

A opção preferencial da UE face a ameaças externas será sempre o compromisso multilateral. No entanto, isso nem sempre é viável, especialmente perante tentativas de chantagem de alto nível”, defende Jonathan Hackenbroich, autor do relatório “Como os europeus podem repelir a agressão económica chinesa e americana”, do think tank independente Conselho Europeu para as Relações Externas (ECFR).

“Nestes casos, os europeus precisam de opções que dissuadam e afastem o recurso à agressão económica por outras potências”, acrescenta. Tais opções, afirma, vão “aumentar a resiliência” europeia, “estabelecer um dissuasor eficaz” e “os incentivos certos para a cooperação” e “evitar uma nova escalada”. “Nenhuma das opções é fácil, mas a inação está a tornar-se insuportável e perigosa para Europa”, considera.

O relatório cita exemplos como as ameaças norte-americanas de sanções a vertentes do comércio UE-Turquia, a proibição aos bancos europeus de admitirem contas da procuradora do Tribunal Penal Internacional que investiga possíveis crimes de guerra dos Estados Unidos ou a ameaça da China de suspender o fornecimento de equipamentos médicos à Holanda.

Entre 11 instrumentos propostos figura um banco europeu de exportações, para manter abertos os canais financeiros com países terceiros alvos de sanções de potências estrangeiras e limitar a exposição ao sistema financeiro norte-americano e ao dólar.

O estudo propõe também a criação de um euro digital, mais resiliente à coerção económica e que permita reduzir a informação para países terceiros sobre as transações financeiras europeias.

Ou ainda que as transferências globais de dados, a que as empresas são crescentemente pressionadas, sejam negociadas em acordos baseados no comércio regulado e na concorrência leal, ou, caso não seja possível, reguladas por uma autoridade europeia que proteja as empresas de transferências de dados sensíveis para países terceiros.

O relatório, divulgado numa altura em que a UE está a rever a sua política comercial externa e a estabelecer medidas para aumentar a sua soberania económica, visa fornecer aos legisladores europeus uma “caixa de ferramentas” para proteger a Europa da coerção económica, precisa a organização.

As decisões que vierem a ser tomadas, sustenta, devem considerar “o custo político e económico da inação”, por um lado, e o custo da utilização das ferramentas, por outro. Para o diretor do ECFR, Mark Leonard, “os Estados Unidos e a China não querem uma guerra convencional”, pelo que “a sua arma mais poderosa é a manipulação da arquitetura da globalização”, que coloca a Europa em “risco de ser espremida no meio da sua competição”.

O Conselho Europeu para as Relações Externas (European Council on Foreign Relations, ECFR) é um centro de reflexão política independente (‘think tank’), com escritórios em várias capitais europeias e investigadores em todos os 27 Estados-membros da UE.

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