Restaurantes acusam Governo de paralisar setor “à beira da bancarrota”
A Associação Nacional de Restaurantes PRO.VAR acusa o Governo de paralisar quase por completo um setor que está "à beira da bancarrota". Defende criação de gabinete de crise para seguir a atividade.
A Associação Nacional de Restaurantes PRO.VAR acusou o Governo de, com as novas medidas anunciadas, paralisar “quase por completo” um setor “à beira da bancarrota” e defende a criação de um gabinete de crise para acompanhar a atividade.
“O Governo anunciou medidas restritivas desenhadas a bisturi. A escolha de horários e datas tem um propósito bem definido, causar o maior impacto possível e paralisar quase por completo o setor da restauração”, sustenta a associação num comunicado divulgado hoje.
Afirmando que as novas medidas de combate à pandemia de covid-19 anunciadas no sábado pelo Governo “caíram com estrondo no setor”, a PRO.VAR pede ao executivo “que crie um gabinete de crise para acompanhar o setor da restauração, que está à beira da bancarrota”.
“Nesse gabinete devem estar envolvidas as associações do setor, para apoiar o Governo com contributos no combate à pandemia e encontrar as verbas adicionais extraordinárias mais adequadas, mas avisamos já que será necessário um montante colossal, caso contrário é a ‘hecatombe’, porque já não há faturação”, sustenta.
Segundo a associação, “o Governo esconde com palavras uma estratégia muito bem definida” e “de nada adianta dizer que, desta vez, o estado de emergência não tem consequências tão graves quanto no início da pandemia, em que obrigou os restaurantes a encerrar”.
"O Governo anunciou medidas restritivas desenhadas a bisturi. A escolha de horários e datas tem um propósito bem definido, causar o maior impacto possível e paralisar quase por completo o setor da restauração.”
É que, sustenta, as novas medidas anunciadas acabam por ser “um encerramento de porta aberta”: “Os restaurantes mantêm-se abertos, mas completamente vazios, pois a ordem é para os portugueses ficarem em casa e, nos próximos fins-de-semana, os restaurantes continuarão abertos, mas só com entregas ao domicílio”, precisa.
No comunicado, a PRO.VAR avança as conclusões de um inquérito realizado entre a quinta-feira e sábado passados junto de 676 estabelecimentos de restauração e que aponta que, entre os dias 30 de outubro e 03 de novembro, as restrições em vigor se tinham traduzido em “perdas de faturação estimadas de 60 milhões de euros, em apenas cinco dias”.
“Os números falam por si: 90,1% dos restaurantes apresentam agora perdas superiores a 50% da faturação e, um dado ainda mais preocupante, quase metade dos restaurantes (48,1%) sentem perdas superiores a 90% da faturação homóloga”, destaca.
Admitindo que, após “seis meses perdidos, o setor da restauração depositava uma réstia de esperança neste último trimestre”, o presidente da PRO.VAR, Daniel Serra, afirma: “As medidas agora conhecidas, entre as quais a eliminação das agendas dos fins-de-semana dos restaurantes e que prevemos que continue até ao final do ano, vieram acrescentar ainda mais dificuldades, imprevisibilidade e incertezas ao negócio”.
“A angústia e o medo apoderam-se agora dos empresários, levando a maioria a interrogar-se sobre a eficácia das medidas de apoio a fundo perdido que foram anunciadas há dias, considerando-as extemporâneas, pois percebem que não serão suficientes para salvar as empresas que já se encontram em risco, quanto mais assumir compromissos de manutenção de empregos”, remata.
O Governo anunciou o recolher obrigatório entre as 23:00 e as 05:00 no dias de semana, a partir de segunda-feira e até 23 de novembro, nos 121 municípios mais afetados pela pandemia, sendo que, ao fim de semana, o recolher obrigatório inicia-se a partir das 13:00 nos mesmos 121 concelhos.
“Temos a nítida noção de que o convívio social tem um contributo muito importante para a disseminação” do contágio e que a propagação se desenvolve no período pós laboral, afirmou António Costa, que falava após a meia-noite, no final da reunião do Conselho de Ministros extraordinário, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, para concretizar as medidas do estado de emergência que vai vigorar entre segunda-feira, dia 09, e 23 de novembro.
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