Bondalti: Hidrogénio verde precisa de mercado europeu regulado para ser competitivo
"Acreditamos que devemos ter um mercado regulado para conseguirmos produzir hidrogénio a preços competitivos", defende Teresa Marques.
A diretora de Energia da Bondalti, Teresa Marques, defendeu, esta terça-feira, a criação de um mercado regulado para toda a indústria europeia, para se conseguir produzir hidrogénio verde a preços competitivos e deixar de se importar de outros continentes.
A responsável pela área de Energia da produtora química portuguesa Bondalti (antigo grupo químico CUF, que pertence ao Grupo José de Mello) participava num painel do Fórum Luso-Alemão 2020, que decorreu em formato digital, a partir de Berlim, centrando-se este ano no tema “Como combinar competitividade e proteção climática? Um olhar sobre as empresas alemãs e portuguesas e as implicações da presidência do conselho da união europeia”, juntamente com Erica Bellmann, do Fundo Mundial para a Natureza – Alemanha (WWF Germany), o professor João Peças Lopes, do INESC TEC e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, o vice-presidente da Evonik, Thomas Haas, e o diretor do Instituto para a Inovação e Tecnologia, Marc Bovenschulte.
“Acreditamos que devemos ter um mercado regulado para conseguirmos produzir hidrogénio a preços competitivos, caso contrário vai continuar a ser importado hidrogénio de outros países fora da Europa, que pode ser verde ou não”, apontou Teresa Marques.
“O grande desafio é o custo da energia. Precisamos mesmo de uma plataforma estável para o hidrogénio, com uma estrutura previsível de políticas europeias”, acrescentou.
Por seu turno, Marc Bovenschulte também enfatizou a necessidade de um “mercado justo” no setor da energia, para que o “hidrogénio verde possa sobreviver, sem ser ultrapassado por hidrogénio azul ou cinza que vem de fora”. “Definitivamente, precisamos que a regulamentação garanta a conformidade com os objetivos climáticos”, acrescentou.
Na opinião do vice-presidente da Evonik, Thomas Haas, o setor político deve, antes de mais, criar um conjunto de regras que torne a energia competitiva para os investidores na Europa, sendo o segundo passo o financiamento. “O financiamento é algo que a União Europeia faz muito bem, mas precisamos de ambos”, considerou Thomas Haas.
Na ótica de Erica Bellmann, “critérios sustentáveis claros e regras também claras darão aos investidores confiança para apostar na Europa”. “Precisamos de compromisso por parte das empresas e do setor da inovação, mas também precisamos de muito compromisso por parte dos Governos”, defendeu a responsável da WWF Germany.
Para João Peças Lopes, outra prioridade da Europa deve ser igualmente o investimento na ciência, por forma a acelerar o ciclo de inovação na área da energia. “Temos de correr contra o tempo para encontrar soluções”, considerou o académico. “Em Portugal, já estamos a desenvolver um laboratório colaborativo, chamado High Lab, para desenvolver competências high tech para o hidrogénio”, adiantou João Peças Lopes.
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