TAP começa a apresentar reestruturação aos sindicatos. Isto é o que já se sabe
Menos pessoas, menos aviões e uma estrutura mais leve. Será assim a empresa, segundo as linhas que já se conhecem do plano de reestruturação, que será discutido nos próximos dias com os trabalhadores.
Os representantes dos trabalhadores da TAP irão, nos próximos dias, conhecer as linhas gerais do plano de reestruturação da empresa. Entre esta quinta e sexta-feira estão marcadas reuniões entre sindicatos, responsáveis da TAP e a consultora Boston Consulting Group (BCG), antes de se encontrarem com o Governo. Do que já se sabe do plano de reestruturação, são certos cortes tanto no pessoal como na frota da companhia aérea portuguesa.
“A TAP vai reunir-se com todos os sindicatos e com a Comissão de Trabalhadores em reuniões na quinta e sexta-feira para partilhar os principais indicadores e variáveis que afetam o plano de reestruturação“, diz fonte oficial da empresa ao ECO. Estes encontros servirão tanto para dar acesso aos trabalhadores das linhas gerais do plano (mais de dois meses após a primeira e única reunião com a consultora que o está a desenhar) como para ouvir as reivindicações dos trabalhadores.
Uma das certezas que já há é a redução nas despesas com pessoal. O ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos aponta a redução do número de trabalhadores em 1.600 pessoas só este ano, especialmente através da não-renovação de contratos a termo. De acordo com o Jornal Económico, a BCG aponta até para a saída de mais trabalhadores num cenário mais adverso.
E as saídas já estão a acontecer: desde o início da pandemia — além de ter posto grande parte do pessoal em lay-off — o quadro de efetivos passou para 8.593 trabalhadores, o que representa uma quebra de 560 pessoas (6,1%) face aos 9.153 trabalhadores em fevereiro, segundo mostram as últimas contas da empresa referentes ao período entre janeiro e junho.
Performance operacional no final do primeiro semestre
Outra certeza é que a frota vai igualmente ser reduzida, segundo explicou Pedro Nuno Santos disse, na semana passada no Parlamento. A companhia aérea abandonou encomendas que tinha e começou já a negociar a devolução de alguns aviões. No final do primeiro semestre de 2020, a frota total da TAP era composta por 108 aviões, dos quais 102 aviões disponíveis para a operação comercial.
A companhia aérea chegou a acordo com a Airbus, em setembro, para adiar a entrega de 15 novos aviões que tinham sido encomendados para evitar o gasto de 857 milhões de euros. Para o segundo semestre, está assim prevista a entrada em operação comercial de apenas quadro novas aeronaves (2 A321neo LR, 1 A320neo e 1 A321neo) das que foram originalmente planeadas para 2020, sendo que 1 destes A321neo LR já integrava a frota total da TAP a 30 de junho, mas ainda em processo de phase-in.
Em simultâneo, a TAP estava ainda a tentar vender seis a oito aeronaves (6 A319 e 2 A320) e a estudar a devolução antecipada de aeronaves em regime de locação operacional e a potencial venda de aeronaves em regime de locação financeira. “A evolução futura da frota será naturalmente um dos temas estruturantes do plano de reestruturação que se encontra em elaboração“, sublinhava a TAP no relatório de apresentação de contas.
“O plano terá como principal enfoque assegurar a sustentabilidade e rentabilidade do Grupo TAP S.A., através de um adequado planeamento de rotas e frota, da adaptação do produto TAP à realidade atual e pós Covid-19, e do aumento da eficácia e da eficiência dos serviços centrais e das unidades do Grupo TAP SA”, acrescentou.
Composição da frota total no fim de junho
Apesar de o plano ainda não estar concluído, o ministro das Infraestruturas e da Habitação já tinha anunciado que a primeira fase do processo está fechada, permitindo a negociação com os sindicatos. Também estes encontros deverão acontecer proximamente, mas o ministério não confirma ainda datas.
TAP já recebeu 700 milhões. Deve esgotar “cheque” até fim do ano
Enquanto este processo decorre, o Governo já transferiu à TAP 700 milhões de euros do total de 1,2 mil milhões de euros que estão disponíveis, segundo confirmou o ministério das Finanças ao ECO, sendo que o restante deverá entrar nas contas da empresa até final do ano.
Em simultâneo, o Executivo continua igualmente em conversações com a Comissão Europeia, aprovou o apoio público a 10 de junho. Foi nesta data que começaram a contar os seis meses para a TAP devolver o dinheiro (uma hipótese que nunca vista como provável) ou que Portugal apresentasse um plano de reestruturação que assegurasse a viabilidade de longo prazo.
“A possibilidade de reestruturação, bem como quais planos de apoio público são sujeito a avaliação e aprovação da Comissão. A Comissão está em contacto com as autoridades portuguesas neste contexto. Não podemos comentar o conteúdo desses contactos“, respondeu fonte oficial da Comissão Europeia quando questionada pelo ECO sobre eventuais trabalhos preliminares em curso.
Este dinheiro servirá apenas para garantir as necessidades de liquidez da TAP até ao final do ano e deverá ficar esgotado nessa altura. Por isso, o Governo já pôs de lado mais 500 milhões de euros em garantias, no Orçamento do Estado para 2021, a conceder eventualmente para a aplicação do plano de reestruturação.
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