Partidos alertam para situação preocupante. Pedem apoios para medidas restritivas

Na véspera de ser votada a renovação do estado de emergência, políticos ouviram especialistas do Infarmed sobre a situação do país. Pedem mais apoios para as medidas mais restritivas.

As reuniões do Infarmed regressaram esta sexta-feira e a decisão recebeu elogios generalizados dos vários partidos. O encontro serviu para os especialistas apresentarem a situação do país e, à saída, os vários representantes partidários alertaram para a gravidade da incidência da pandemia. Na véspera de ser votada a renovação do estado de emergência, pedem mais apoios para as medidas restritivas.

As empresas e as famílias precisam de apoio hoje. As respostas não são suficientes, vamos viver semanas muito difíceis no decorrer desta pandemia“, alertou Ricardo Baptista Leite, do PSD. “As medidas implementadas — difíceis e com grande impacto económico — não vão surtir a totalidade dos efeitos desejados de diminuir o número de casos para um nível gerível”.

A estimativa dos epidemiologistas é que o país atinja o pico de novos casos por Covid-19 no fim de novembro, o que corresponde a uma média diária de sete mil novos casos. Quanto ao número de mortos, deverá aumentar ainda até meados de dezembro. Mas alertaram também que poderá haver uma terceira e uma quarta vagas.

“O país atravessa uma situação preocupante. Perante esta situação só pode haver uma solução que é mais medidas, que não apontem só para responsabilização individual, mas também responsabilização do Estado e direitos para fazer face à pandemia. Só com mais Estado e com criação de direitos para a população é que será possível combater esta pandemia”, sublinhou Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda.

Além do BE, também o PCP, o PEV e o PAN apontaram a necessidade de reforço do Sistema Nacional de Saúde, tal como do reforço da segurança dos trabalhadores. Inês Sousa Real aponta a necessidade de proteger áreas que “têm ficado para trás, como as consultas e outras áreas da saúde” para lá da Covid-19.

PCP, Chega e IL contra renovação do estado de emergência

Vários foram os partidos que aproveitaram igualmente a ocasião para criticar a atuação do Governo. O vice-presidente do CDS, António Carlos Monteiro, diz que havia dados em agosto que mostravam que “as coisas estavam a correr mal” e mesmo assim “não houve tomada de decisão” nessa altura. “O que temos dito que o Governo tem andado a reboque das circunstâncias foi hoje confirmado pelos especialistas”, criticou.

O líder da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, considera que “nunca se tentou calcular que impacto é que cada medida tem na economia”, defendendo a necessidade de escolher entre medidas com base nas que tenham mais eficácia com menos impacto na economia. “O Governo quer uma espécie de cheque em branco para tomar decisões que não são de bom senso”, atirou.

Já o deputado único do Chega, André Ventura, acusou Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa de “voltarem a lançar e deixar no ar o fantasma” do confinamento. “É mau para os portugueses, para a sociedade e para a economia, que os mais altos responsáveis da nação coloquem este cenário em cima da mesa. Parece que estão desejosos de irmos para novo confinamento”, afirmou.

O confinamento é, segundo os dois responsáveis, o cenário a afastar e, para isso, procuram reforçar as medidas diferenciadas. O Presidente da República confirmou que enviará à Assembleia da República, ainda esta quinta-feira, o Decreto Presidencial para a renovação do estado de emergência. O objetivo é que o documento seja votado pelos deputados na sexta-feira. PCP, Chega e Iniciativa Liberal anunciaram que vão votar contra, mas a aprovação deverá ser garantida pelos votos a favor do PS e do PSD.

“As medidas que foram adotadas têm de continuar a ser adotadas e por isso se justifica no entender do partido comunista e como foi dito pelo Presidente da República que o estado de emergência continue”, defendeu o socialista José Luís Carneiro. Depois desta quinta-feira, as reuniões entre especialistas e políticos sobre a evolução da Covid-19 vão voltar a realizar-se quinzenalmente, anunciou ainda o secretário-geral adjunto do PS.

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