AstraZeneca avança com ensaio adicional para validar eficácia da vacina
A AstraZeneca vai realizar um "estudo adicional" para validar os resultados da eficácia da sua vacina, depois de ter revelado que houve mudanças imprevistas na dosagem no primeiro ensaio.
Poucos dias depois de terem anunciado que a vacina que estão a desenvolver contra a Covid-19 tinha demonstrado uma eficácia média de 70%, a AstraZeneca e a Universidade de Oxford foram obrigadas a assumir um erro de fabrico que está a suscitar dúvidas quanto aos resultados preliminares. Nesse sentido, o CEO da farmacêutica já veio dizer, em entrevista à Bloomberg, que vai ser realizado um estudo adicional da vacina para avaliar a sua eficácia.
Na passada segunda-feira, os cientistas revelaram, em comunicado, que a vacina AZD1222 da Oxford/AstraZeneca tem, em média, 70% de eficácia. Contudo, estes testes preliminares tiveram em conta dois regimes de dosagem, sendo que um dos dados que está a levantar dúvidas é o facto da eficácia ter aumentado para 90% num subgrupo de 2.741 voluntários que foram vacinados com meia dose na primeira toma e uma segunda dose dada na quantidade normal. Ao passo que, noutro grupo de 8.895 participantes revelou uma eficácia de 62% quando administrado com duas doses completas com um mês de intervalo.
Ainda assim, aquando do anúncio, as entidades descreveram a vacina como “altamente eficaz” sem mencionar, no entanto, a razão pela qual alguns dos participantes do ensaio clínico não terem recebido a mesma quantidade de vacina na primeira toma das duas injeções. O “erro” só acabou por ser admitido oficialmente pela Universidade de Oxford na quinta-feira, já depois de Mene Pangalos, vice-presidente da AstraZeneca, ter dito à Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês) que a administração de apenas meia dose foi um “engano”. Ora, afinal, tinha havido um erro de produção e, por isso, alguns dos frascos usados nos ensaios clínicos não tinham a concentração certa de vacina.
Neste contexto, a Universidade de Oxford adiantou ainda que este “erro” foi comunicado aos reguladores, que concordaram em continuar com os testes clínicos.
Desde que foi conhecido este este percalço foram levantadas questões sobre a eficácia da vacina. Para que não haja dúvidas, o CEO da AstraZeneca veio garantir que vão avançar com um estudo adicional. “Agora que descobrimos o que parece ser uma melhor eficácia, temos de validar isto, pelo que precisamos de fazer um estudo adicional”, disse Pascal Soriot à Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês), na sua primeira entrevista desde que os dados foram divulgados.
Segundo explicou o presidente executivo, será provavelmente realizado outro “estudo internacional, mas este poderia ser mais rápido porque sabemos que a eficácia é elevada, pelo que precisamos de um número menor de pacientes”, garantiu. Além disso, o CEO da AstraZeneca espera este estudo adicional não atrase as aprovações dos reguladores no Reino Unido e na União Europeia (UE). O secretário de Estado da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, já fez saber que pediu ao regulador britânico que aprovasse o fornecimento da vacina mais rapidamente que o seu homólogo europeu, invocando uma regra especial que permite que o regulador autorize um fornecimento temporário da vacina, desde que os dados sejam “robustos” o suficiente.
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