Moody’s avisa que recuperação em África será lenta e desigual
A Moody's considera que a recuperação económica em África será lenta e desigual, com a queda das receitas a exacerbar os desafios da sustentabilidade da dívida pública no continente.
A agência de notação financeira Moody’s considerou este sábado que a recuperação económica em África será lenta e desigual, com a queda das receitas a exacerbar os desafios da sustentabilidade da dívida pública no continente.
“A recuperação económica será lenta e desigual, e a fraca recuperação da receita vai exacerbar os desafios sobre a sustentabilidade da dívida nos países da África subsaariana, ao passo que a diminuição das receitas em moeda estrangeira vai aumentar as vulnerabilidades externas”, diz a Moody’s.
Numa nota sobre a recuperação das economias africanas, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, a Moody’s diz que estes fatores “vão contribuir para condições financeiras permanentemente apertadas, fontes de financiamento limitadas que coincidem precisamente com o aumento das necessidades de financiamento”.
Nesta nota enviada aos investidores, a Moody’s escreve ainda que as fraquezas institucionais da generalidade dos governos africanos aumentam a probabilidade de o crescimento ser reduzido “por um período significativo de tempo, resultando em menores rendimentos, desigualdade aumentada e mais tensões sociais”.
A crise trazida pela pandemia de Covid-19 prejudica também a sustentabilidade da dívida pública, que tem crescido exponencialmente devido às necessidades de aumentar a despesa pública no combate à propagação da doença. “Os países de baixo rendimento com elevados fardos da dívida e exposição aos riscos cambiais são os mais vulneráveis”, assinala ainda a agência de notação financeira.
A conjugação destes fatores traduzem-se numa deterioração das condições em todo o continente, “com a atividade económica, a despesa pública e as finanças do Estado afetadas pelas consequências da pandemia”, salientam os analistas, apontando que esta degradação da conjuntura afeta o sistema financeiro da região.
“Tudo isto vai enfraquecer o desempenho dos bancos, mas também, de forma indireta, vai afetar o perfil de crédito devido à grande exposição às finanças públicas, ao risco acrescido de congelamento dos depósitos e à reduzida capacidade dos governos ajudarem os bancos”.
África registou 305 mortes devido à Covid-19 nas últimas 24 horas, contabilizando 51.229 vítimas mortais causadas pelo novo coronavírus, que já infetou 2.136.540 pessoas, mais 15.573 casos, segundo dados oficiais. De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de recuperados no mesmo período foi de 15.281, para um total de 1.806.881, nos 55 membros da organização.
O primeiro caso de Covid-19 em África surgiu no Egito, a 14 de fevereiro, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsariana a registar casos de infeção, a 28 de fevereiro. A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.433.378 mortos resultantes de mais de 60,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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