SPAC desmente números dos pilotos da TAP avançados pelo Governo
O sindicato convocou uma conferência de imprensa para repor "a dignidade dos pilotos", recusando os números avançados pelo ministro Pedro Nuno Santos na apresentação da reestruturação da TAP.
O presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) acusou o ministro das Infraestruturas e Habitação de ter apresentado dados “errados” sobre os pilotos da TAP na apresentação da reestruturação da empresa. Em declarações transmitidas pela RTP3, Alfredo Mendonça afirmou ser necessário repor “a dignidade dos pilotos” por haver “uma grande campanha de desinformação relativamente” a estes profissionais.
Esta sexta-feira, Pedro Nuno Santos afirmou que a TAP tem “mais 19% de pilotos por aeronave do que” as congéneres, “mais 28% de tripulantes por aeronave” e que os pilotos “ganham mais do que, por exemplo, na Ibéria”. No que aos pilotos diz respeito, o SPAC assegura que os números não são corretos.
“Diz-se que a TAP tem 19% de pilotos a mais do que as congéneres europeias. Não sabemos de onde vieram esses dados e estamos convencidos de que não são verdadeiros”, apontou o responsável, que, inclusivamente, fez um desafio: “Estamos dispostos a ficar exatamente nas mesmas condições salariais do que os nossos colegas da Lufthansa. Se assim é, se é verdadeiro esse argumento, estamos dispostos a aceitar”, rematou.
“Há uma grande campanha de desinformação relativamente aos pilotos e atacando a dignidade dos pilotos”, afirmou Alfredo Mendonça, que continuou: “Já nos compararam inclusivamente aos bancos que foram também sujeitos a reestruturações. Estamos e vamos estar sujeitos a uma reestruturação, sabemos dessa necessidade premente, mas temos aqui questões que têm a ver com a TAP em si e com a maneira como ela é vista em termos de transportadora aérea.”
“Na verdade, podemos comparar a TAP S.A. ao ‘banco bom’, e TAP SGPS, o grupo, ao ‘banco mau’. Neste momento, a TAP S.A. é credora da TAP SGPS, num valor enorme, porque a TAP S.A. produziu a riqueza que permitiu cobrir muitas despesas e negócios ruinosos efetuados pela TAP SGPS”, apontou Alfredo Mendonça.
Na verdade, podemos comparar a TAP S.A. ao “banco bom”, e TAP SGPS, o grupo, ao “banco mau”.
O presidente do SPAC continuou e afirmou que “os pilotos portugueses são considerados a nível mundial dos melhores pilotos que há, cobiçados e disputados, como se viu até final de fevereiro de 2020”. “Quase todas as companhias do mundo, seja na Europa, Médio Oriente, Ásia, onde for, são pilotos disputados, gente muito capacitada tecnicamente, dos melhores e dos melhores trabalhadores que se pode ter”, rematou.
Endurecendo o discurso, Alfredo Mendonça rematou: “Estas pessoas precisam de afinar as suas bússolas e reorientar a navegação. Se não apontarem na direção correta, não chegarão ao seu destino.”
Em conclusão, o presidente do SPAC indicou que, quando se afirma que a TAP “teve um aumento de 37% dos custos com pilotos, não se diz que a atividade aérea, o número de horas de voo, aumentou brutalmente”. “Os pilotos não eram suficientes nos últimos tempos para o crescimento da TAP. Estão a criticar os pilotos porque realizaram trabalho extraordinário”, disse.
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