EUA aprovam vacina da Pfizer após pressões políticas
Donald Trump anunciou que a vacinação contra a covid-19 vai começar "em menos de 24 horas", num vídeo divulgado na rede social Twitter.
A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, em inglês), que regula a comercialização de fármacos nos Estados Unidos, autorizou o uso da vacina da farmacêutica norte-americana Pfizer para prevenir a covid-19, após pressões políticas.
O anúncio foi feito pela diretora científica da agência norte-americana, depois de o processo de aprovação ter sido notícia devido às pressões políticas da Casa Branca, que ameaçou demitir o responsável da FDA, caso o organismo não aprovasse a utilização da vacina até ao final de sexta-feira.
Segundo o diário norte-americano Washington Post, o chefe de Gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, ordenou à Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) que apressasse o processo de aprovação da vacina da Pfizer e da alemã BioNTech contra o SARS-CoV-2. Caso contrário, o comissário da FDA, Stephen Hahn, deveria demitir-se.
O jornal citava várias fontes associadas a este processo sob a condição de anonimato, precisando que a ‘ameaça’ de Washington fez com que a aprovação fosse apressada.
No mesmo dia, o Presidente cessante dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, utilizou a rede social Twitter – um hábito que mantém a um mês e meio de abandonar a Casa Branca – para dizer que a FDA “continua a ser uma tartaruga grande, velha, lenta”. “Coloque a porcaria das vacinas cá fora já, Dr. Stephen Hahn. Deixe-se de brincadeiras e comece a salvar vidas”, criticou Trump.
Em comunicado, consultado pela agência Lusa, a FDA explicou na sexta-feira que estava a “trabalhar rapidamente no sentido da finalização e emissão de uma autorização de utilização de emergência”.
Donald Trump anunciou que a vacinação contra a covid-19 vai começar “em menos de 24 horas”, num vídeo divulgado na rede social Twitter.
A pandemia continua a assolar os Estados Unidos, que são há vários meses o país com o maior número de mortos (294.690) e também de infeções confirmadas (mais de 15,8 milhões).
Trump – derrotado nas eleições presidenciais de 3 de novembro pelo candidato democrata e agora Presidente eleito, Joe Biden – fez da rápida aprovação de uma vacina contra a covid-19 uma das bandeiras da campanha eleitoral, assegurando sucessivamente que seria distribuído um fármaco eficaz antes do final do ano e que os Estados Unidos seriam o primeiro país a receber a vacina.
Contudo, tal não se verifica, uma vez que o Reino Unido foi o primeiro país a começar a campanha de vacinação, da mesma vacina que, depois da pressão da Casa Branca, foi agora aprovada em território norte-americano.
Agência do medicamento dos EUA nega pressões para aprovar vacina
A agência norte-americana do medicamento, FDA, negou este sábado qualquer “pressão” política para aprovar rapidamente a primeira vacina contra a covid-19 e relativizou os riscos da toma por pessoas com “alergias graves”.
“Trabalhámos rapidamente devido à urgência que esta pandemia representa, não devido a qualquer pressão externa”, disse o diretor da Food and Drug Admnistration (FDA), Stephen Hahn, numa videoconferência de imprensa.
A FDA emitiu na sexta-feira uma autorização de emergência para a vacina Pfizer/BioNTech e lançou uma gigantesca operação logística para a distribuir por todo o território norte-americano.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a vacina “passou o padrão de excelência de segurança” e prometeu que a primeira vacina será administrada hoje.
Horas antes do anúncio da autorização, o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, disse ao diretor da FDA que podia ser despedido se a autorização não ocorresse até ao final do dia, segundo relatou um responsável ao jornal Washington Post e à agência Associated Press, na condição de não ser identificado.
Na videoconferência de imprensa de hoje, Stephen Hahn assegurou que a rapidez da autorização não põe em causa a seriedade das verificações, sublinhando que os testes clínicos prosseguem e são realizados com “importantes controlos de segurança”.
Na mesma conferência, um outro responsável da FDA, Peter Marks, relativizou a contra-indicação da toma da vacina por pessoas com alergias graves, depois da deteção de dois casos no Reino Unido esta semana.
“Quero tranquilizar a opinião pública”, disse. Essas reações “não foram constatadas nos dados dos vastos testes clínicos” e a FDA vai “continuar a seguir de muito perto” todos os dados.
Peter Marks frisou que a vacina só será desaconselhada a pessoas que já tenham tido “reações alérgicas graves” a componentes desta vacina ou de vacinas semelhantes, e não a todo o universo de pessoas com alergias graves.
“Cerca de 1,6% da população já teve uma reação alérgica grave causada por alimentos ou condições ambientais. Não queremos que tantas pessoas sejam privadas de uma vacina”, afirmou.
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