Da tecnologia à saúde, estas são as empresas que ganharam com a pandemia
O ano foi de stress para todos, incluindo para as bolsas. Petróleo, banca ou turismo foram fortemente penalizados. Mas há vencedores, com a saúde, a tecnologia e as renováveis a liderarem.
A pandemia assustou investidores e atirou as bolsas por terra. Mesmo após a recuperação, os efeitos secundários do coronavírus nas ações continuam a fazer-se sentir com a generalidade dos índices europeus a fecharem o ano no vermelho. A exceção é o alemão DAX, que acompanha os índices de Wall Street em terreno positivo. Tanto de um lado como do outro do Atlântico, há ainda assim vencedores, com a saúde e a tecnologia a liderar.
“Sem grande surpresa, tendo em conta os desenvolvimentos ocorridos ao longo de 2020, o setor tecnológico foi o grande vencedor do ano, enquanto o setor de petróleo situou-se no lado oposto do espetro. A digitalização das empresas, acelerada pelo aparecimento da pandemia, foi um dos catalisadores de crescimento fulcrais para a valorização do setor tecnológico. Sendo esta essencialmente uma crise de saúde, o respetivo setor também apresentou uma performance bastante resiliente dada a elevada procura e investimento”, explicam os analistas da equipa de research do BiG – Banco de Investimento Global.
Nas grandes tecnológicas, a Apple, a Microsoft e a Facebook estão entre os maiores ganhos, com valorizações anuais em bolsa de 75%, 40% e 30%, respetivamente. Fora do círculo restrito das FAANG, a Zoom reagiu como seria de esperar. Enquanto todo o mundo recorreu à plataforma para conseguir reduzir o distanciamento, as ações da empresa dona da plataforma Zoom subiram 465%.
"Sem grande surpresa, tendo em conta os desenvolvimentos ocorridos ao longo de 2020, o setor tecnológico foi o grande vencedor do ano, enquanto o setor de petróleo situou-se no lado oposto do espetro.”
Sem surpresas, o setor da saúde captou o interesse dos investidores ao longo do ano, com farmacêuticas como a Merck KGaA e a Eli Lilly a registarem valorizações próximas dos 30%. Mas foram as vanguardistas da vacina que mais ganharam: as ações da Moderna dispararam 566% em 2020, enquanto as da BioNTech avançaram 195%. A Pfizer — que era já um título com peso nas carteiras dos grandes investidores — subiu apenas 1% no acumulado do ano.
Energia em alta… e em baixa
A par da pandemia, as preocupações ambientais foram um fator determinante ao longo do ano e os investidores reforçaram a aposta em empresas ligadas a setores verdes. “Empresas como a Tesla, tecnológicas e fabricante de automóveis elétricos (EV), beneficiaram da crescente política ambiental. O fabricante chinês de EV, a NIO, valorizou cerca de 1.070% este ano“, aponta Paulo Rosa, economista e senior trader do Banco Carregosa. No caso da empresa liderada por Elon Musk, a valorização é de 665% no ano em que entrou no S&P 500.
Em sentido contrário, “a queda brusca dos preços do petróleo, aliada aos elevados custos fixos que caracterizam a indústria”, deram um “duro revés no ano de 2020” ao setor de petróleo e gás, como explica o BiG. Num ano que foi uma montanha russa para o petróleo — chegou a negociar pela primeira vez na história abaixo de zero –, as petrolíferas sofreram o impacto. Cotadas como a Total (-27%), a Shell (-43%), a Exxon (-40%) ou a BP (-44%) fecham todas no vermelho. Em Portugal, essa tendência também se verificou: se a EDP Renováveis é a cotada que mais sobe no PSI-20 (com um ganho de quase 110%), a Galp Energia está do lado contrário, tendo perdido quase 40% do valor.
"As empresas mais penalizadas pelo distanciamento social, especificamente do setor do turismo, como empresas de viagens e de cruzeiros, podem agora beneficiar do aparecimento das vacinas.”
Por último, todos os setores cujo negócio foi mais afetado pela pandemia foram castigados em bolsa. É o caso do setor financeiro que reagiu à queda dos lucros causada pelos aumentos de provisões para acautelar uma potencial crise económica, bem como devido à proibição do pagamento de dividendos. São disso exemplo os desempenhos do BBVA (-18%), Société Générale (-43%) ou do HSBC (-35%), mas também do português BCP, que perde quase 40%.
É igualmente o caso do turismo e lazer, que foi obrigado a parar. No entanto, o próximo ano poderá ser de inversão para o setor. “As empresas mais penalizadas pelo distanciamento social, especificamente do setor do turismo, como empresas de viagens e de cruzeiros, podem agora beneficiar do aparecimento das vacinas que podem suportar a recuperação deste setor bastante penalizado pela pandemia”, diz Rosa.
O senior trader do Banco Carregosa não acredita, no entanto, que a recuperação dos setores mais penalizados signifique o fim dos ganhos para os vencedores deste ano. “As empresas tecnológicas podem continuar em 2021 a cristalizar os ganhos de 2020 impulsionadas pela aceleração da Quarta Revolução Industrial com a pandemia”, acrescenta.
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