Manifestantes pró-Trump invadem Capitólio e suspendem sessão no Congresso
Trump pediu aos manifestantes para se dirigirem para o Capitólio e fazer ouvir a sua voz, em protesto do que considera ser uma “fraude eleitoral”.
A sessão de ratificação dos votos das eleições presidenciais dos EUA, no Congresso em Washington, teve de ser interrompida devido aos distúrbios provocados por manifestantes pró-Trump que entraram no Capitólio após Donal Trump ter pedido para se fazerem ouvir. Trump está a receber críticas de todo o mundo, incluindo de republicanos. Biden diz que quem sofre é a democracia.
Enquanto os representantes e senadores discutiam a objeção levantada por um grupo de republicanos à contagem dos votos no Arizona, no início da sessão de ratificação dos resultados eleitorais, apoiantes do Presidente cessante, Donald Trump, entraram no Capitólio, obrigando à suspensão da sessão.
Milhares de manifestantes tinham reunido esta quarta-feira em Washington, protestando e contestando a vitória do democrata Joe Biden.
Num comício em frente à Casa Branca, Trump pediu aos manifestantes para se dirigirem para o Capitólio e fazer ouvir a sua voz, em protesto do que considera ser uma “fraude eleitoral”, tendo mesmo dito que “nunca” aceitaria a sua derrota nas eleições de 3 de novembro.
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Os manifestantes obedeceram ao comando do Presidente cessante e dirigiram-se para o Capitólio, tendo mesmo forçado a oposição da polícia, que tentou impedir a sua entrada no edifício.
Minutos depois, agentes de segurança começaram a evacuar escritórios do Capitólio, por razões de segurança e, de seguida, aconselharam a suspensão dos trabalhos na Câmara de Representantes e no Senado. Entre as pessoas evacuadas encontra-se Mike Pence, vice-presidente dos Estados Unidos e presidente do Senado.
A agência Reuters informa que, segundo o chefe da polícia de Washington, Robert Contee, o Departamento de Polícia Metropolitana mobilizou 3.750 agentes, a Polícia do Capitólio, a Polícia do Parque, os Serviços Secretos dos EUA e mais de 300 membros da Guarda Nacional da cidade. Estes agentes tentaram dispersar os manifestantes com armas e gás lacrimogéneo. Mas, não foi suficiente para evitar vidros partidos e feridos. O The Guardian (acesso livre, conteúdo em inglês) avançou que uma mulher está em estado crítico depois de ter sido baleada no peito no Capitólio quando os apoiantes do Trump invadiram o edifício. A vítima acabou por morrer, segundo o Washington Post.
Esta situação já levou a presidente da câmara de Washington a impor um recolher obrigatório a partir das 18h desta quarta-feira até às 6h de quinta-feira. “Locais de teste à Covid-19 estão fechados esta noite. Se tiver sintomas fique em casa”, avisou Muriel Bowser no Twitter.
Os trabalhos de discussão da contagem de votos eleitorais ficaram assim, para já suspensos, enquanto canais televisivos transmitem imagens de distúrbios nas escadas do Capitólio.
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A situação fez tremer Wall Street que tinha arrancado em máximos. “Qualquer coisa que aconteça que perturbe é uma preocupação para os investidores, mas o pânico provavelmente não é uma boa estratégia” disse à Reuters Randy Frederick, vice-presidente de comércio e derivados para Charles Schwab em Austin, Texas, referindo-se à invasão do edifício do Capitólio.
Entre a confusão, os democratas tiveram mais uma vitória: o controlo do Senado ao vencerem a segunda volta na Geórgia, o que dá ao partido o controlo da câmara.
Até republicanos criticam invasão
Vários legisladores, incluindo republicanos, usaram as suas contas na rede social Twitter para criticar a ação dos manifestantes, dizendo que não se vão deixar intimidar pela sua presença ou pelos seus apelos para que a contagem de votos do Colégio Eleitoral seja rejeitada. O republicano Adam Kinzinger, membro da Câmara dos Representantes, disse à televisão CNN que os motins no Capitólio foram alimentados por teorias da conspiração “totalmente desprezíveis”.
Também Mike Pence, vice-Presidente dos EUA, que se encontrava a presidir a sessão de contagem de votos, pediu aos manifestantes para abandonarem o edifício do Capitólio. “A violência e destruição têm de parar e já”, escreveu no Twitter.
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Também o Presidente eleito, Joe Biden, falou ao público a partir de Delaware, relembrando que é a democracia que sofre com estas ações e pede a Donald Trump que aja. “Apelo ao Presidente Trump para ir agora à televisão nacional, para cumprir o seu juramento e defender a constituição e exigir o fim deste cerco”, acrescentando que “o mundo está a ver”.
Biden considera que a situação vivida no Capitólio “não representa os americanos”. “O que estamos a ver é um pequeno número de extremistas”, afirmou.
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As reações já chegaram à Europa. No Twitter, o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, lamenta a situação vivida nos EUA e pede que os votos sejam “respeitados” e “que as regras da democracia sejam protegidas”. Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, mostram-se chocado com a violência desta noite.
O chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, diz ter “confiança na força da democracia americana” e espera que a presidência de Biden ultrapasse esta “fase de tensão”.
Tarde veio a mensagem de Donald Trump, em vídeo no Twitter, que pede aos manifestantes para irem para casa, mas sem reconhecer a derrota. “Conheço a vossa dor (…) Tivemos uma eleição que nos foi roubada”, afirmou. A rede social proibiu interações com o vídeo do Presidente cessante.
(Notícia atualizada às 23h02 com mais informação)
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