Pandemia atirou um em cada cinco trabalhadores de todo o mundo para o teletrabalho

Antes da pandemia, menos de 8% dos trabalhadores de todo o mundo exerciam funções a partir de casa. A Covid-19 mudou esse cenário, tendo subida para 20% a fatia do emprego global nessa modalidade.

A pandemia de coronavírus abanou o mercado laboral e provocou um boom do trabalho remoto. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), nos primeiros meses da crise sanitária, um em cada cinco trabalhadores exerceu as suas funções a partir de casa. Isto quando antes da Covid-19 menos de 8% dos empregados de todo o mundo recorriam a esta modalidade de trabalho. Os dados relativos ao conjunto do ano de 2020 ainda não estão disponíveis, mas “espera-se um salto substancial” face ao período homólogo.

“De acordo com as estimativas da OIT, antes da crise da Covid-19, havia aproximadamente 260 milhões de pessoas a trabalharem a partir de casa, representando 7,9% do emprego global”, é explicado no relatório divulgado esta quarta-feira sobre o teletrabalho.

A pandemia provocou, contudo, mudanças profundas nesse cenário e, nos primeiros meses de crise sanitária, um em cada cinco trabalhadores acabaram por exercer funções a partir de casa. Ou seja, subiu para 20% a fatia do emprego mundial em teletrabalho.

A OIT salienta que, no conjunto de 2020, é esperado um “salto substancial” do recurso ao trabalho a partir de casa, crescimento que “provavelmente vai continuar nos próximos anos”, o que reforça a urgência de solucionar os problemas hoje enfrentados pelos trabalhadores e empregadores que se decidem por esta modalidade.

Uma dessas questões problemáticas é a proteção social dos trabalhadores, que precisa de ser melhorada, diz a OIT. Por exemplo, nos países de rendimentos mais baixos e médios, quase todos os trabalhadores (90%) que exercem funções a partir de casa são considerados informais, já que esse trabalho acontece na esfera privada e é “muitas vezes ‘invisível'”.

Além disso, esses trabalhadores tendem a receber salários menos robustos — no Reino Unido, por exemplo, quem trabalha a partir de casa ganha, em média, menos 13% — e têm menos acesso a formação, o que poderia melhorar as suas perspetivas profissionais. Têm também menos ligações aos sindicatos e, portanto, têm menor probabilidade de estarem cobertos pela negociação coletiva.

E porque o trabalho a partir de casa “provavelmente verá a sua importância aumentar nos próximos anos”, a OIT deixa já recomendações aos Governos e legisladores, frisando nomeadamente a necessidade de mitigar os riscos psicossociais desse regime através do estabelecimento do “direito a desligar” para cristalizar as fronteiras entre a vida privada e profissional. Em Portugal, este direito já chegou a ser discutido, mas acabou por não ser aprovado.

“Os Governos, em cooperação com as organizações de trabalhadores e empregadores, devem trabalhar para assegurar que todos os que trabalham a partir de casa são transferidos da invisibilidade para o trabalho decente“, defende a OIT.

De notar que, em Portugal, o teletrabalho já consta da legislação laboral, sendo obrigatório aplicar igual tratamento entre os trabalhadores que exercem as suas funções em regime presencial e teletrabalho. Ainda assim, o Executivo tem a intenção de aprofundar a regulamentação do trabalho remoto, processo que terá por base o Livro Verde do Futuro do Trabalho.

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