O seu verbo para 2021
Nos últimos anos, os meus verbos foram aceitar, aproveitar, agradecer e, em todos os anos, soube vivê-los, dia após dia, e daí retirar várias aprendizagens.
Como é habitual no final de cada ano, refletimos sobre as resoluções de ano novo, o que queremos atingir, o que vamos concretizar, alguns sonhos saem das gavetas, outros limitam-se a tomar forma. E é assim, ano após ano, que renovamos a esperança da conquista, da descoberta, da concretização e sobretudo, de alguma forma, voltamos a sorrir à vida, que se nos planteia à frente como uma folha de papel branca à espera do artista.
Foi com a minha atividade de coaching que comecei a abordar este momento de resoluções para o ano novo de um ângulo diferente, o qual quero partilhar aqui convosco.
Mais do que refletir e criar uma lista de ações, projetos, tarefas, desejos, o que também faço nesse exercício de final de ano/começo do seguinte é escolher o verbo que quero honrar no ano que se avizinha.
Um verbo – tal e qual como aprendemos na escola primária. O exercício é simples: escolher um verbo que ditará a tónica geral do ano que em breve começará, ou que já começou. Um verbo que, se eu estiver numa encruzilhada mental ou emocional, me resgate e me indique o melhor caminho a seguir, a melhor decisão a tomar. Uma pequena palavra que me oriente corpo, espírito e mente, para o objetivo que almejo.
Nos últimos anos, os meus verbos foram aceitar, aproveitar, agradecer e, em todos os anos, soube vivê-los, dia após dia, e daí retirar várias aprendizagens.
Para 2021, o meu verbo é na verdade uma conjugação de duas palavras – estar presente! Uma presença de corpo e alma, aberta ao que aí vier, e definitivamente no lugar do tempo e espaço que ocupa o aqui e agora.
Com as nossas vidas tão ocupadas, e preocupadas e, na verdade, pré-ocupadas, facilmente esquecemo-nos do aqui e do agora, o presente, que é a maior prenda que o universo nos pode dar. Andamos angustiados por um passado que não podemos alterar, e ansiosos por um futuro que ainda não chegou e, com isto, desleixamo-nos da única coisa que temos – o presente. O aqui e agora. O estar presente: para nós, em nós, nas reflexões diárias que fazemos ou que continuamente adiamos, para o outro, quer seja o nosso cliente, ou o nosso par, reporte direto, chefia, etc., ou até mesmo num contexto familiar, a nossa outra metade, o nosso filho/a, pais, etc..
Este verbo requer abrir mão de algumas coisas, nomeadamente, do telemóvel e da constante verificação de notificações, que é viciante, e nos retira do momento presente no aqui e agora com os que nos rodeiam, e nos leva para um momento diferente, como se fosse uma sala à parte, onde a solidão habita disfarçada de clicks, e emojis. Também aprenderemos a deixar ir o planeamento exaustivo, no qual tantos de nós são proficientes, que nos leva para um momento mais à frente no tempo, mas mais uma vez nos afasta do aqui e agora.
O estar presente abre certamente espaço para mais momentos de flow, tão importantes na execução do talento que há em nós, na eficiência diária da nossa existência. Acredito que estar presente melhorará a relação única que temos com os outros, connosco próprios, e com quem partilhamos a vida, seja o nosso esposo/a, filho/a, pai/mãe, amigos, animal de estimação, etc..
Muitos dizem que “No princípio era o verbo” – deixo-vos então com este exercício de escolherem o vosso verbo neste princípio de ano.
Desejo a todos os leitores um ano 2021 com muita consciência e presença para que, em cada etapa da vossa vida, alcancem a vivência plena e aquele sorriso no rosto que nos acalenta a alma. Feliz 2021!
*membro da direção nacional da APG.
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