A startup coreana de boleias que ganha à Uber por conseguir agradar aos táxis

  • Marta Santos Silva
  • 11 Outubro 2016

A Uber foi praticamente proibida na Coreia do Sul, mas a Call Bus foi bem sucedida após difíceis negociações com o governo e o poderoso sindicato dos taxistas.

A startup coreana Call Bus parece, à primeira vista, mais uma Uber ou Cabify pronta a ligar um cliente que precisa de chegar a um destino a um motorista que já circule nas proximidades. No entanto, a Call Bus conseguiu ser bem-sucedida onde a Uber falhou: na Coreia do Sul.

A Call Bus, com base em Seul, começou como uma ideia do então jornalista Steve Park que acompanhou de perto os litígios que se seguiram à entrada da Uber no país. Embora à noite na capital coreana se torne particularmente evidente que o serviço de táxis não é suficiente para suprir as necessidades — com os taxistas a serem muito seletivos acerca dos passageiros que levam, a aumentarem os preços e a recusarem-se a fazer trajetos curtos — a alternativa apresentada pela Uber acabou por ser proibida no país.

O serviço Call Bus foi lançado há dois meses e já transportou 10 mil passageiros desde então, mas não foi um projeto fácil. Tal como a Uber travou uma batalha legal dura e mesmo assim só conseguiu autorização para instalar no país o seu serviço de luxo, UberBlack, também o Call Bus se deparou com um mercado duramente regulado. À Quartz, Steve Park criticou o excesso de regulação do mercado por parte do governo coreano. “Fizeram uma má decisão” em interditar os principais serviços da Uber, diz Park. “Estagnaram a inovação na Coreia”.

A verdade é que foi na disputa legal da Uber que Steve Park viu uma oportunidade: a de criar um serviço que se encaixasse perfeitamente nas zonas menos claras da legislação de transportes da Coreia do Sul, e que ainda deixasse satisfeito o sindicato dos táxis, com muito poder político na Coreia.

callbus

A startup que nasceria daí foi construída a partir de uma necessidade — um serviço que pudesse levar as pessoas a casa durante a noite de forma fiável e mais barata — mas também a partir das limitações: o serviço não poderia funcionar como um táxi e teria de se sujeitar a algumas das imposições do sindicato dos táxis. Entre elas estava o facto de que a empresa teria de alugar os veículos e contratar os motoristas ao serviço de táxis.

A Call Bus acabou por conseguir manobrar todas estas imposições para chegar ao seu serviço atual: uma frota de cerca de 20 carrinhas de 12 lugares que recolhem passageiros no bairro de Gangnam, em Seul, que tem grande atividade noturna. Uma das cedências ao sindicato dos táxis foi que o serviço fica limitado a funcionar entre as 23.00 e as 4.00.

O serviço funciona de forma semelhante à Uber, com uma diferença: um algoritmo agrupa as pessoas que vão para destinos próximos para poder levar mais pessoas numa só viagem, e é pedido às pessoas que vão ter a um ponto de recolha comum. O pagamento realiza-se através da aplicação, que está ligada a um cartão de crédito. Os preços, diz Steven Park, são aproximadamente 30% mais baratos do que os que seriam praticados por um táxi.

Editado por Paulo Moutinho.

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