Impacto da pandemia está a ser maior no Algarve e na Madeira

Entre março e novembro, foi no Algarve e na Madeira, onde a componente turística é forte, que a pandemia mais afetou a faturação das empresas. O setor do alojamento foi o que pesou mais nas quedas.

Algarve e Madeira foram as regiões a quem a pandemia passou uma fatura mais pesada, no período entre março e novembro do ano passado, revelam os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta sexta-feira. Por outro lado, Tâmega e Sousa e Área Metropolitana do Porto registaram quedas menos acentuadas.

Nestes nove meses, Portugal registou uma queda de 14,8% no valor da faturação, face ao mesmo período do ano anterior, segundo o valor tributável no E-fatura. Já o Algarve foi a região com maiores perdas, de 29,1%, seguido pela Região Autónoma da Madeira, cuja faturação recuou 21,9% em relação ao ano anterior. Nestas regiões, que têm uma grande concentração de atividade turística, travada pelas restrições da pandemia, foi o ramo das atividades de alojamento que mais contribuiu para a queda, representando mais de um quarto da contração.

Já na Área Metropolitana de Lisboa as perdas foram de 18,4%, em relação a 2019. Por outro lado, foi na região Centro que se sentiu com menos intensidade o efeito da pandemia, registando uma redução na faturação de 9,4%, entre março e novembro do ano passado, de acordo com os dados do INE.

Quando se cruzam as quebras na faturação com o número de casos confirmados de Covid-19 por 100 mil habitantes, é a Área Metropolitana de Lisboa que tem uma maior correlação, tendo a maior incidência do vírus e uma contração superior à média.

Já o Tâmega e Sousa e a Área Metropolitana do Porto registaram também uma incidência superior à média nacional, “contudo, o efeito da pandemia não se fez sentir com tanta intensidade na diminuição do valor faturado nestas sub-regiões, sendo a contração homóloga inferior à registada no país (-9,4% e -11,0%, respetivamente)”, sublinha o INE.

Na ponta oposta, o Algarve, a Região Autónoma da Madeira e o Alentejo Litoral, mesmo com uma taxa mais baixa de infeções, não conseguiram resistir. Estas regiões “apresentaram um número de casos confirmados abaixo da média do país e uma contração do valor faturado relativamente mais acentuada”, nota o gabinete de estatísticas. No Alentejo Litoral destaca-se o impacto da atividade industrial, que, associada ao complexo de Sines, “é preponderante”.

Alojamento e atividades artísticas têm maiores quebras

Quanto aos setores mais afetados, foi no alojamento, bem como nas atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas que se verificaram maiores perdas, sendo que ambas registaram nesses nove meses menos de metade do valor faturado no mesmo período de 2019. As empresas destas áreas, que se concentram também nas regiões com maiores perdas, sofreram o efeito de menos pessoas a visitar, bem como de menos deslocações dos portugueses.

Enquanto nas atividades de alojamento as perdas homólogas foram de 67,6%, para as atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas a queda foi de 50,6%. Com a redução drástica do turismo, em 21 das 25 NUTS III do país foi o alojamento o ramo com maior quebra de faturação face ao período homólogo.

Ainda assim, tendo em conta o peso das atividades na faturação total, a contração de 14,8% registada no país deveu-se maioritariamente aos setores do comércio, predominantes nas regiões mais afetadas, que recuou 4,3 pontos percentuais (p.p) e das atividades industriais (-4,1p.p), sinaliza o INE.

Quanto às atividades industriais, a quebra nestas pesou principalmente nas empresas do Alto Minho, do Alentejo Litoral, da Região de Aveiro, Viseu e Dão Lafões, Tâmega e Sousa, Beira Baixa, Beiras e Serras da Estrela, Cávado e Baixo Alentejo.

Por outro lado, só cinco ramos registaram acréscimos de faturação face ao período homólogo. Foram eles o setor da fabricação de produtos farmacêuticos de base e de preparação farmacêuticas (+19,8%), investigação científica e desenvolvimento (+10,7%), consultoria e atividades relacionadas de programação informática; atividades dos serviços de informação (+7,6%), telecomunicações (+4,4%) e construção (+4,0%).

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