Sonangol vai privatizar 12 ativos este ano e quer lançar outros 32 concursos
O ministro Diamantino de Azevedo admitiu no entanto que esta pode não ser a melhor altura para a privatização dos ativos, face aos efeitos da pandemia de Covid-19.
A petrolífera angolana Sonangol tem previsto privatizar 12 dos 56 ativos que quer alienar ainda este ano, prevendo lançar também 32 concursos, segundo o presidente da empresa, Gaspar Martins.
Durante um encontro com jornalistas, Gaspar Martins afirmou que foram já privatizados “três ativos imobiliários na Europa” e passaram para a TAAG, transportadora aérea angolana, duas aeronaves que estavam no segmento de asa fixa (da subsidiária Sonair).
Na mesma ocasião, o ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino de Azevedo admitiu que esta pode não ser a melhor altura para a privatização dos ativos, face ao efeito da pandemia de Covid-19, mas acrescentou que este pode também vir a ser o novo normal.
“Vamos parar? Vamos esperar que isto acabe? Nós não queremos parar. Pode haver menos receitas, mas não se deve olhar só para as receitas”, sublinhou o governante, destacando que para a Sonangol seria pior ficar parada do que vender os ativos que constam da lista.
A lista inclui desinvestimentos na Sonangol Cabo Verde – Sociedade e Investimentos, Combustíveis e Óleos de São Tomé e Príncipe, Founton (Gibraltar), Sonatide Marine (Ilhas Caimão), Solo Properties Nightbridge (Reino Unido), Societé Ivoiriense de Raffinage (Costa do Marfim), Puma Energy Holdings (Singapura) e Sonandiets Services (Panamá).
Também estão abrangidas as participações nas empresas WTA-Houston Express e na francesa WTA, nas petrolíferas Sonacergy – Serviços e Construções Petrolíferas e Sonafurt International Shipping e na Atlântida Viagens e Turismo, entre outras.
Instado a comentar os casos de corrupção associados à Sonangol, Diamantino de Azevedo afirmou que o processo de reestruturação da petrolífera, que inclui a alienação destas subsidiárias, decorre também deste combate.
“É um processo que não vai terminar hoje nem amanhã”, disse o ministro, escusando-se a comentar o processo judicial que envolve o empresário luso-angolano Carlos São Vicente, alegadamente envolvido num esquema ilegal que lesou a petrolífera em mais de 900 milhões de dólares (cerca de 760 milhões de euros).
“A nível do que nos compete, queremos é dominar aspetos que possam diluir as facilidades para a corrupção”, sublinhou o governante.
A Sonangol é o maior grupo empresarial angolano, com perto de 10.000 trabalhadores diretos e subsidiárias na área do transporte aéreo, telecomunicações, imobiliário e distribuição de combustíveis, entre outros, tendo ainda participações em várias empresas e bancos, incluindo em Portugal (Millennium BCP e Galp).
Durante o encontro que teve lugar no hotel Intercontinental, recentemente inaugurado depois de ser nacionalizado em outubro do ano passado, por ter sido construído com recurso a fundos públicos da Sonangol, foi também questionado o modelo de gestão da unidade hoteleira, ainda em regime de ‘soft opening’.
Segundo Gaspar Martins, o edifício não está arrendado à cadeia Intercontinental, devendo ser definido um “fee” de gestão com base no desempenho da unidade. Outros serviços, como ‘spas’ e casino poderão ser “terciarizados”.
Quanto à redução da participação da Sonangol em alguns blocos petrolíferos, está a ser estudada a modalidade em que as empresas se poderão futuramente candidatar: “Haverá um documento claro da Sonangol sobre como as empresas interessadas poderão concorrer”.
O ministro Diamantino de Azevedo abordou também a privatização da companhia estatal de diamantes Endiama, explicando que ficou acordado com o Ministério das Finanças que a entrada em bolsa só poderia arrancar depois de dois anos consecutivos de contas auditadas, sem reservas.
A dispersão de parte do capital em bolsa está também dependente da reestruturação das empresas mineiras para que a Endiama “se liberte do seu papel de concessionária” e se foque no papel de operadora.
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