O trabalho é um lugar estranho
Longe do escritório, o trabalho desmaterializou-se: deixou de ser um lugar e passou a ser um estado. E, para muitos, condição quase permanente.
Imagine-se um mapa mundo sem fronteiras: países todos juntos num planeta onde apenas a geografia e o clima distinguem localizações, viagens sem necessidade de passaporte e de autorizações.
O trabalho em 2020 foi assim: um mapa sem fronteiras. Em casa, reinventámos o espaço onde trabalhamos e, claro, o espaço onde vivemos. A cozinha fez-se copa onde cozinhamos refeições para todo o dia. As marmitas desapareceram num movimento inesperado de transformação. Os horários flexibilizaram-se, assim como as tarefas e as dinâmicas de equipa. A rotina reinventou-se com mais calma mas, muitas vezes, com menos tempo. Acordamos e transferimo-nos diretos para a cadeira na sala, de onde só saímos ao final do dia? Despertamos com o som de um email recém-chegado e, enquanto o lemos, aproveitamos para preparar e tomar o café à janela ou na varanda?
O trabalho, já tantas vezes pouco separado da nossa vida pessoal, entrou de rompante na nossa casa, espaço de recolhimento, lazer, descanso, família. Aquilo que já acontecia – a necessidade de desligar dos emails e dos telefonemas que teimavam em poucas vezes abrandar durante os dias – foi acentuado com a pandemia. A (nova) rotina tornou-se hábito e, por isso, também traz mais desafios para gerir as vidas pessoal e profissional. Ao desafio de uma maior conciliação entre o trabalho e a vida pessoal, a maioria dos trabalhadores quer que as suas carreiras continuem num modelo de trabalho misto que inclua o remoto e o presencial (estudos apontam para dois a três dias por semana a trabalhar fora do escritório). O último ano mostrou que o trabalho, tal como o conhecíamos, pode ter mudado para sempre.
À distância, quem gere pessoas deve estar mais próximo e conseguir ouvir as necessidades de cada um dos colaboradores, para ter trabalhadores motivados, manter a cultura da organização e o sucesso da empresa. O desafio é deles, e de todos nós.
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