Abstenção nas Presidenciais tem ultrapassado os 50%. Este ano pode ser recorde
A abstenção nas Presidenciais registou um pico em 2011, e manteve-se acima dos 50%. A pandemia pode travar ainda mais a ida às urnas.
A abstenção nas presidenciais tem sido elevada nos últimos atos eleitorais. Depois de ter atingido um pico em 2011, manteve-se acima dos 50% em 2016, últimas presidenciais, que resultaram na eleição de Marcelo Rebelo de Sousa. Este ano, tudo aponta para que os números da abstenção continuem elevados, com a pandemia a travar a ida às urnas de muitos portugueses, podendo até atingir um recorde.
As presidenciais deste ano, que se vão realizar no domingo, dia 24, serão as décimas eleições para a Presidência da República em democracia. Há sete candidatos na corrida para Belém, entre os quais se inclui o atual Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, que se candidata para a renovação do mandato. Entre os candidatos encontra-se também Ana Gomes, André Ventura, líder do Chega, João Ferreira, apoiado pelo PCP, Marisa Matias, suportada no Bloco de Esquerda, Tiago Mayan Gonçalves, que conta com a Iniciativa Liberal e Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans.
As eleições vão realizar-se em plena pandemia, o que poderá fazer a abstenção disparar. As pessoas que ficaram infetadas ou entrarem em isolamento profilático a partir da sexta-feira passada já não puderam votar, já que o mecanismo desenhado para estas pessoas votarem fechou inscrições no dia 17. Para além disso, o medo do contágio pelo novo coronavírus pode travar algumas pessoas de se deslocarem às mesas de voto.
Fonte: CNE
Ainda assim, este ano registou-se um recorde no voto antecipado. Depois de as regras terem sido alargadas, inscreveram-se para votar mais cedo cerca de 246 mil pessoas. Destes inscritos, acabaram por votar no domingo, dia 17, 197.903 eleitores, o que corresponde a cerca de 80,15%.
A abstenção tem sido elevada nos últimos anos, especialmente nas presidenciais. A participação nas eleições para Presidente da República atingiu o máximo em 1980, na reeleição de Ramalho Eanes, sendo que apenas 15,61% dos eleitores decidiram não votar. Nas eleições seguintes a abstenção foi crescendo, mas voltou a cair para os 33,7% em 1996, aquando da vitória de Jorge Sampaio.
Em 2001 a abstenção atingiu os 50,29%, ou seja, metade dos eleitores optaram por não se deslocarem às urnas. Nas eleições seguintes, em 2006, quando ganhou Cavaco Silva, diminuiu de novo, para os 38,5%. No entanto, no sufrágio seguinte, quando o social-democrata foi reeleito, atingiu um pico: 53,48%. As últimas eleições, que elegeram Marcelo Rebelo de Sousa, a abstenção não cresceu, mas manteve-se elevada, com 51,3% dos eleitores sem votar.
Este ano, alguns analistas têm indicado que é possível que a abstenção se situe acima dos 70%. Esta possibilidade é inclusivamente admitida por Marcelo Rebelo de Sousa. A mais recente sondagem da Aximage para DN/JN/TSF aponta para uma abstenção a rondar os 60%, mas os responsáveis sublinham que é provável que o valor seja mais elevado, nomeadamente pelo contexto de incerteza que se vive na pandemia.
Numa sondagem realizada pelo ISCTE/ICS para o Expresso e a SIC, 42% dos inquiridos indicaram que não vão votar. No entanto, o valor será mais elevado, até porque, como os responsáveis pela sondagem explicaram, “os abstencionistas têm menor propensão a responder a estudos de opinião”. Já na sondagem Observador/TVI/Pitagórica, os entrevistados que aquando do momento inicial se recusaram a responder à entrevista por não pretenderem votar nesta eleição rondam os 57%.
De salientar que existe também outros fatores que poderão elevar a abstenção. É o caso do recenseamento automático dos residentes no estrangeiro, que levou a um aumento do número de pessoas nos cadernos eleitorais, um efeito já se sentiu nas eleições legislativas de 2019. Há ainda a possível condicionante de existir um Presidente que se recandidata, sendo que, tipicamente, as eleições para um segundo mandato têm menos participação.
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