Rui Rio quer Marcelo mais exigente com o Governo mas afasta crise política

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2021

"Não está na hora de eu tentar por cascas de banana ao Governo a ver se a coisa corre mal para eu ganhar votos com isso", diz o presidente do PSD.

O presidente do PSD, Rui Rio, defendeu segunda-feira que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deve ser mais exigente com o Governo no seu segundo mandato, mas afastou um cenário de crise política.

Em entrevista à TVI, o líder social-democrata admitiu que, devido à pandemia, o chefe de Estado terá “de dar institucionalmente mais a mão ao Governo”, mas salientou que, passada a crise sanitária, “gostava de ver o Presidente da República no seu segundo mandato um pouco mais crítico e mais exigente com o Governo”.

Ainda assim, Rui Rio defendeu que demitir o Governo seria “uma completa irresponsabilidade no quadro em que o país está” e “o pior que poderia haver agora”, considerando que é necessário “remar todos para o mesmo lado e ajudar o país”.

“De forma crítica, é certo, mas não criar boicotes. Não está na hora de eu tentar por cascas de banana ao Governo a ver se a coisa corre mal para eu ganhar votos com isso, não é para isso que eu estou aqui”, acrescentou, advogando que “uma coisa é o Presidente da República ser mais exigente com o Governo, outra é o Presidente da República provocar uma crise e atirar com o Governo abaixo”.

Sublinhando que “pura e simplesmente” nem lhe “ocorre fazer uma coisa dessas”, o presidente do PSD lembrou a postura de “cooperação” que o partido adotou quando a pandemia de Covid-19 chegou a Portugal, e garantiu que a mantém “naquilo que o Governo precisa”, como o voto favorável ao estado de emergência.

Quanto às críticas de que o PSD tem sido alvo por parte do Governo, o líder social-democrata considerou-as “uma ingratidão” e “uma tática política errada”, rejeitando ter “estados de alma” ou “ser vingativo relativamente ao Partido Socialista”.

“Por mais que eu entenda que o PS é ingrato, e se porta mal, e que eu faria diferente se lá estivesse, há uma coisa acima, que é o interesse nacional”, prosseguiu, rejeitando “criar um caos ainda maior”.

No entanto, admitiu que agora tem de ter “sentido crítico” e pode “exigir que o Governo faça melhor”, uma vez que agora “os erros são maiores”.

Um dos aspetos em que admitiu fazer diferente foi na “questão do planeamento”, onde o Governo “peca fortemente”, sendo um dos exemplos o plano de vacinação, que classificou como “uma bagunça” e “uma aselhice de todo o tamanho numa matéria absolutamente vital”.

No que toca aos casos de vacinação de pessoas não prioritárias, muito vezes justificados pelos intervenientes com a sobra de doses, Rui Rio questionou: “mas sobram como?”.

“Os que recebem 50, mas afinal eram 40, descongelam aquelas 10 para quê se não têm as pessoas para dar? Não compreendo”, criticou.

Quanto à vacinação dos deputados, criticou que o critério escolhido tenha sido o protocolo do Estado, segundo o qual Rio seria o segundo parlamentar a ser vacinado, e afirmou que aceitará ser prioritário caso haja “uma revisão dos critérios” que priorize “só aqueles que se consideram vitais para o funcionamento da Assembleia da República”.

Questionado se demitiria a ministra da Saúde, o líder social-democrata apontou falhas, como a gestão dos recursos privados, e defendeu que Marta Temido “ia mais depressa embora” por isso, tendo reiterado que a ministra da Justiça deve sair na sequência da polémica em torno da nomeação do procurado europeu.

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