Portugal obtém 3 mil milhões em dívida de muito longo prazo. Procura supera os 40 mil milhões
IGCP está no mercado com uma emissão de dívida sindicada a 30 anos. Ofertas apontam para uma taxa ligeiramente acima da fasquia de 1%.
Portugal arrancou o programa de financiamento deste ano com um leilão de dívida, mas voltou agora ao mercado com uma operação realizada com recurso a um sindicato bancário. Colocou três mil milhões de euros em dívida com maturidade a 30 anos, tirando partido do contexto de juros muito baixos. Ordens no valor de 40 mil milhões de euros, colocaram a taxa da emissão ligeiramente acima de 1%.
De acordo com dados da IFR, citados pela Reuters, as ordens recolhidas apontavam para uma yield 88 pontos base acima da taxa mid swap a 30 anos na área do euro. Com o evoluir da operação, essa yield desceu para 85 pontos base. Com a mid swap a ser transacionada nos 0,156%, o custo desta dívida para o Estado ficou pouco acima de 1%.
“A yield da emissão fixou-se nos 1,006%”, diz Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa. “O ambiente atual de taxas juro historicamente baixas, é muito benéfico para este tipo de emissões e enquanto assim for irá permitir fazer o rollover da dívida com um custo significativamente mais baixo”, acrescenta.
No mercado, a linha de dívida de referência para a maturidade a 30 anos está a cotar nos 0,786%. Ou seja, houve um prémio nesta operação, o que é natural tendo em conta que foi realizada através de um sindicato bancário. A República Portuguesa mandatou o Crédit Agricole CIB, o Deutsche Bank, o Morgan Stanley, o JPMorgan, o Nomura e o Novo Banco como joint lead managers para esta emissão de obrigações do Tesouro a 30 anos.
A taxa final desceu em função da procura registada nesta operação de financiamento de muito longo prazo. O país obteve três mil milhões de euros com esta operação, sendo que os dados relativos à procura apontam para que esta tenha ascendido a mais de 40 mil milhões de euros. É um recorde.
Houve um forte apetite pela dívida. Num contexto de juros muito baixos, negativos até, títulos com rating de investimento como são os portugueses tendem a ser bem recebidos pelos investidores.
É preciso contar também com a procura do Banco Central Europeu (BCE), que terá ficado com cerca de 4,2% do total, de acordo com os dados finais divulgados pelo IGCP. Mais de 400 investidores participaram na operação, sendo que a maior parte é de França, Itália, Espanha e Reino Unido. Quanto ao tipo de inestidor, gestoras de ativos e bancos foram os principais.
Portugal conta com uma boa classificação junto das agências de rating internacionais, isto apesar da recessão provocada pela pandemia, mas também do aumento do endividamento em resultado da resposta à Covid-19.
O PIB de Portugal contraiu 7,6% em 2020. A quebra foi, ainda assim, menos expressiva do que o previsto, o que permitiu que o país encerrasse o ano passado com um rácio de endividamento de 133,7%. É, contudo, um recorde.
(Notícia atualizada pela última vez às 18h30 com dados finais do IGCP)
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