Fitch: “Desenvolvimentos no setor financeiro são elemento chave para rating”
A agência vai rever o rating português na próxima semana. Estará atenta aos impactos da banca nas finanças públicas, avisou o diretor do departamento de risco soberano.
“Portugal mantém um endividamento excessivo”, disse esta quinta-feira Federico Barriga, o diretor do departamento de análise de risco soberano da Fitch, numa conferência em Lisboa. O responsável frisou que este endividamento não se limita ao setor público e avisou que a banca é um fator chave para decidir o rating do país, já na próxima semana.
“Portugal continua a ser um dos países mais endividados do mundo, mantém uma dívida externa líquida muito elevada”, avisou Federico Barriga, da Fitch, uma das três agências de rating que mantém a notação portuguesa no nível de “lixo”. Também a Standard & Poor’s e a Moody’s consideram o investimento em dívida portuguesa especulativo — uma avaliação que se mantém desde 2011, quando estalou a crise de dívidas soberanas.
"Os desenvolvimentos no setor financeiro são um elemento chave para decidir o rating.”
Sem querer adiantar muitos detalhes sobre a avaliação que a agência faz da economia portuguesa — porque está marcada para 3 de fevereiro uma avaliação de rating — o responsável da Fitch reconheceu que “os desenvolvimentos no setor financeiro são um elemento chave para decidir o rating”.
"Qualquer solução que se encontre para o setor bancário e o potencial impacto nas finanças públicas será seguido atentamente.”
Federico Barriga explicou que uma das questões chave será avaliar os impactos do sistema bancário nas finanças públicas. “Qualquer solução que se encontre para o setor bancário e o potencial impacto nas finanças públicas será seguido atentamente”, avisou.
Para além da questão do Novo Banco — que tem de ser vendido até agosto, mas que cujas propostas de compra têm sido desanimadoras ao ponto de a hipótese de nacionalização tomar conta do debate público — a banca portuguesa lida também com um nível de malparado elevado.
A Fitch mantém Portugal no nível BB+, com outlook estável. Na última análise que fez à economia portuguesa, a agência avisou que o elevado endividamento e o fraco crescimento são dois fatores que comprometem a notação de crédito atribuída à República. No mercado secundário, os investidores têm mostrado algum nervosismo, com o nível dos juros da dívida soberana a rondar os 4%. Bastará a Portugal perder a notação de crédito que consegue junto da agência DBRS — a única que não classifica o país como investimento especulativo — para que o acesso ao financiamento junto do Banco Central Europeu fique comprometido.
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