Estas são as cinco medidas para a TAP aumentar receitas após a pandemia
Parcerias, preços dinâmicos acompanhados de programas de fidelização ou uma aposta no transporte de carga estão entre as medidas identificadas pela companhia aérea para a recuperação.
A estratégia para a crise na TAP tem por base um corte profundo nos custos operacionais e com pessoal de quase três mil milhões de euros. Com a atividade fortemente afetada pela pandemia e o dinheiro em caixa a secar, é preciso poupar. Mas o plano de reestruturação enviado para a Comissão Europeia, a que o ECO teve acesso, vai mais longe e define já medidas para aumentar as receitas após a pandemia que passam por parcerias, programas de fidelização ou uma aposta no transporte de carga.
“Este é um plano necessário. A TAP vai mesmo ter de mudar de vida. Vai ter de ser uma empresa sustentável e rentável“, disse Miguel Frasquilho, chairman da companhia aérea esta terça-feira no Parlamento. O gestor lembrou que com o plano de reestruturação implica que a TAP não possa receber qualquer tipo de apoio público nos próximos dez anos, pelo que é preciso mudar.
A TAP poderá vir a receber até 3,7 mil milhões de euros (incluindo o primeiro cheque de 1,2 mil milhões entregue ainda em 2020) do Estado. Este apoio público está condicionado a um plano de reestruturação que prevê o ajustamento da capacidade (dimensionamento de frota e otimização de rede), otimização dos custos operacionais (negociação de leasings, revisão de custos com terceiros, ajuste dos custos laborais), venda de ativos e melhoria da estrutura do balanço, bem como melhoria da receita (receitas de passageiros, operação de carga, entre outras).
Neste domínio do aumento das receitas, o plano identificada cinco vetores principais. Apesar de ser estudado o impacto financeiro potencial até 2025, a versão a que o ECO teve acesso (enviada pelo Governo para o Parlamento) está rasurada.
As medidas são as seguintes:
- A atualização dos sistemas e processos poderá alcançar melhorias na receita marginal até 15%, através do aumento do rendimento proveniente do maior controlo e ferramentas e “fechando a lacuna história da tarifa média da TAP”;
- Receitas de novas parceiras, com benefícios de uma “abordagem de mercado alinhada” e da colaboração mais estreita com parceiros existentes como acordos de partilha de código aprimorados);
- Iniciativas comerciais cruzadas (vendas, marketing, acessórios e fidelidade) que permitam melhorar a experiência dos passageiros, alavancando marketing e vendas para impulsionar a oferta personalizada. Preços dinâmicos e a alavancagem da fidelização podem fomentar a receita marginal acessória entre 10% e 20%;
- A aposta na carga para “fortalecer a relação com os clientes atuais e alavancar os aviões de carga” (dois A332) passa por potenciar a presença da TAP Cargo na Península Ibérica através dos atuais clientes;
- No segmento de maintenance and engineering (M&E), a ideia é crescer em companhias aéreas terceirizadas por meio de novos pedidos de proposta (RFP) e do segmento de carga, mas também aumentar as receitas do locador, alavancando as negociações de gestão da frota. Aumentar a participação do material usado operacional em motores reparados poderá igualmente melhorar as margens.
O CEO Ramiro Sequeira tinha já avançado, também esta terça-feira no Parlamento, que a TAP está a definir medidas para aumentar as receitas, como é o caso da reconfiguração de aviões para transporte de carga que gerou receitas adicionais de 11 milhões de euros em 2020. A companhia aérea está a realizar cerca de 20 voos semanais para o Brasil para o transporte de material para produção de vacinas e variados bens.
Apesar destes esforços, a TAP fechou 2020 com um resultado operacional consolidado (EBIT) negativo de 907 milhões de euros, de acordo com as projeções presentes no mesmo documento. As receitas terão rondado os mil milhões de euros, num ano fortemente marcado pelas restrições à aviação causadas pela pandemia.
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