Cortes na operação da TAP têm de poupar 1,3 mil milhões de euros
A par da poupança com fornecedores, foram definidas medidas de otimização. A reconfiguração de aviões para transporte de carga gerou receitas adicionais de 11 milhões de euros em 2020.
A TAP está a renegociar encomendas e pagamentos com fornecedores e lessors, enquanto faz alterações na frota e nas rotas para se adaptar à crise do setor. No total, a companhia aérea pretende poupar 1,3 mil milhões de euros em custos operacionais até 2025, segundo explicou o CEO interino Ramiro Sequeira, numa audição parlamentar esta terça-feira.
“Os apoios estatais às companhias aéreas aconteceram um pouco por todo o mundo. E é neste contexto que precisamos de analisar o apoio estatal de 1,2 mil milhões de euros à TAP. Importa sublinhar que a TAP não ficou à espera deste apoio para implementar, desde a primeira hora, diversas medidas para reduzir custos e proteger a sua situação de Caixa“, afirmou o CEO interino.
O gestor aponta medidas como renegociações com mais de mil fornecedores, a redução de rotas, deferimento de pagamentos de operating leases com lessors, a renegociação com a Airbus para adiar a entrega de 15 aeronaves de 2020 para 2022 e a venda de outras oito aeronaves. Após as alterações na frota, a TAP irá ficar com 88 aviões de transporte de passageiros e outros três de carga.
“A TAP está a tentar fazer um plano que mantém uma frota mínima, com um número de aviões que estamos a lutar junto da Comissão Europeia para manter“, defendeu. “A proteção do hub é isto. Estamos a tentar manter o maior número de slots“.
A par das iniciativas de poupança, foram igualmente definidas medidas para aumentar as receitas, como é o caso da reconfiguração de aviões para transporte de carga que gerou receitas adicionais de 11 milhões de euros em 2020. A companhia aérea está a realizar cerca de 20 voos semanais para o Brasil para o transporte de material para produção de vacinas e variados bens.
“A aviação como a conhecemos não voltará”
A otimização de custos operacionais em ajustes financeiros com frota está assim prevista em 1,3 mil milhões de euros, a que acrescem 200 a 225 milhões de euros por ano em negociação com outros fornecedores. Do lado da massa salarial, despedimentos e medidas voluntários terão de levar a uma poupança de 1,4 mil milhões de euros.
“O esforço, necessário para garantir a sobrevivência e sustentabilidade da TAP, é repartido por todos: trabalhadores, fornecedores e demais parceiros”, diz Ramiro Sequeira. Devido à pandemia e “a uma crise sem precedentes” na aviação, foi identificado um excesso de três mil trabalhadores na TAP, de acordo com o gestor. Este cenário preliminar acabou por ser revisto em baixa pela companhia aérea e, após a saída de mais de mil contratados a prazo e negociados acordos de emergência, está prevista a saída de 800 pessoas.
Este número pressupõe, no entanto, que todos os sindicatos fecham os acordos de emergência, que foram negociados com a administração da TAP (com envolvência direta do ministro Pedro Nuno Santos) para preencherem o vazio legal que foi deixado pela suspensão dos acordos de empresa. Se com o pessoal de terra e com os pilotos da Portugália já foram assinados esses termos, com os principais sindicatos que representam pilotos e tripulantes da TAP o mesmo não aconteceu e o Governo avançou com a implementação de um regime sucedâneo.
“É a democracia que há dentro de cada sindicato e estamos a aguardar. Estamos a aguardar, mas a TAP não pode continuar sem aplicar os cortes que são necessários“, sublinhou Sequeira. O regime sucedâneo não é uma ameaça, é um mecanismo que permite dar garantias perante Bruxelas, mas também para garantir a sobrevivência da TAP. Não é uma ameaça, é uma alavanca. Esperamos não ter de utilizar, sinceramente”.
O CEO interino acrescentou que assim que forem negociados novos acordos de empresa, estes poderão substituir de forma automática os acordos de emergência. Mas deixou claro que as condições serão muito diferentes. “A aviação como a conhecemos não voltará. Esta é uma oportunidade para transformarmos a TAP e a tornarmos mais sustentável“, acrescentou Ramiro Sequeira.
(Notícia atualizada às 11h50)
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