Neeleman saiu, mas TAP mantém viva a joint venture com a Azul
"Fechar as negociações da joint venture com a Azul" (do antigo acionista da TAP) é uma das principais iniciativas identificadas no plano estratégico para aproveitar parcerias já existentes.
David Neeleman deixou de ser acionista da TAP no ano passado em plena crise pandémica, mas não ficará, afinal, totalmente afastado da companhia aérea portuguesa. A TAP e a Azul Linhas Aéreas Brasileiras, a empresa detida pelo empresário brasileiro, vão avançar com uma joint venture para reforçar as parceiras no Brasil, segundo garante o Governo português no plano de reestruturação que enviou à Comissão Europeia.
O “aproveitamento de parcerias existentes e novas” é uma das formas identificadas no plano estratégico para aumentar as receitas da TAP. É feita a estimativa de quanto é que estas parcerias poderão gerar, mas o valor não está visível já que foram rasuradas várias informações no documento enviado pelo Governo ao Parlamento, a que o ECO teve acesso.
É, ainda assim, possível identificar as iniciativas e a primeira é “fechar as negociações da joint venture com a Azul”. Esta parceria poderá criar “benefícios de tarifas alinhadas e fusão de equipas de vendas” entre as duas empresas, bem como “vantagem adicional de alinhamentos de programação de rede” ou “tratamento conjunto de QSI” (Quality of Service Index).
David Neeleman entrou no capital da TAP em 2015, aquando da privatização ainda no Governo social democrata de Pedro Passos Coelho. Fez uma parceria com o empresário português Humberto Pedrosa, a Atlantic Gateway, que ficou com 61% das ações. Dois anos, a TAP e a Azul começavam a trabalhar numa joint-venture, que viria a ficar na gaveta.
Em alternativa, as transportadoras assinaram acordos de partilha de voos (com os mesmos padrões de serviço e canais de venda), conhecidos por codeshares. Em dezembro de 2019, celebravam novo acordo que estabelecia um modelo de cooperação comercial para prestar serviços de transporte aéreo conjuntos, “aumentando a eficiência e a diversidade de produtos e serviços que são disponibilizados aos passageiros”.
Meses depois iniciava-se a pandemia e a TAP via-se a braços com sérias dificuldades económicas. De acordo com o Governo, David Neeleman não estava disponível para financiar a companhia aérea e o Estado acabou por comprar os 22,5% do empresário por 55 milhões de euros. Sabe-se agora que a saída do acionista não pôs em causa a joint venture e que, pelo contrário, esta até é vista no plano de reestruturação como um potencial veículo de aumento de receitas num dos principais mercados da TAP, o Brasil.
“A Azul esclarece que a proposta de joint-venture com a TAP permanece nos planos da companhia e que a apresentação de uma proposta às autoridades concorrenciais sofreu atraso em função da pandemia“, confirmou fonte oficial da Azul, numa declarações por escrito ao ECO. “A empresa acredita que a parceria com a TAP vai trazer grandes benefícios ao mercado ao permitir uma recuperação de malha mais rápida pós pandemia, promovendo melhor conectividade entre as empresas e com sinergias de receita e custos que se refletirão em melhores ofertas ao consumidor”.
Além da parceria com a Azul, é ainda feita referência ao desenvolvimento adicional de outras parcerias já existentes, nomeadamente no que diz respeito a melhorar a gestão de inventário dos parceiros da aliança, class gating, reestruturação de acordo pro rata e melhorar codeshares.
(Notícia atualizada às 13h50 com comentário da Azul)
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