2021 será “muito melhor” para viajar, mas “serão precisos três anos” para voltar à normalidade
Apesar de "algumas limitações", 2021 será um melhor ano para quem quer viajar, acredita o diretor comercial da Agência Abreu. Ainda assim, Pedro Quintela prevê que a normalidade só regresse em 2024.
Quando é que podemos voltar a … É a nova rubrica diária do ECO, numa altura em que se assinala um ano desde que foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 em Portugal. Com o confinamento, muitas atividades fecharam portas e a nossa vida mudou. Com a descoberta e distribuição das vacinas, muitos países e algumas atividades já começam a planear o desconfinamento. Em Portugal, quando é podemos voltar ao nosso local do trabalho e às escolas? Quando é que poderemos voltar aos festivais de música e viajar sem restrições? E ao cinema, aos museus e a uma discoteca? Quando é que poderemos voltar a ver futebol nos estádios e ir ao ginásio? Nesta série de artigos fomos falar com responsáveis de cada um desses setores.
A pandemia abalou o turismo. Deixou aeroportos vazios, aviões no chão, malas guardadas e planos adiados. Escolher um destino deixou de ser uma questão de preferência para ser uma questão de escolha limitada. “Perdeu-se a liberdade” de viajar, diz o diretor comercial da Agência Abreu, que nota ainda que 2020 foi, provavelmente, o pior ano de sempre em termos de faturação. Mas 2021 traz boas notícias para os viajantes — “muitas melhorias” e em 2022 será possível “encontrar o equilíbrio”. Ainda assim, Pedro Quintela nota que só em 2024 será possível voltar à normalidade.
“2020 foi muito mais condicionado em termos de férias. Houve uma limitação que nunca tivemos. As pessoas não puderam escolher as viagens e escolheram apenas o que era possível“, diz ao ECO o diretor de vendas e marketing da Agência Abreu. “Pudemos escolher, mas de forma limitada, sujeitando-nos à disponibilidade que existia face a saúde publica e às limitações em termos de fronteira“, acrescenta.
As quebras de venda foram brutais, com meses quase sem faturação e a termos de vender o que já tínhamos vendido. Não só não estávamos a vender como tínhamos de devolver o que tínhamos vendido em janeiro e fevereiro.
Pedro Quintela nota mesmo que “2020 foi, provavelmente, o pior de sempre para as agências de viagens” e que a Abreu não foi exceção, nos seus 181 anos de existência. E isso deveu-se a várias razões. “As quebras de venda foram brutais, com meses quase sem faturação e a termos de vender o que já tínhamos vendido. Não só não estávamos a vender como tínhamos de devolver o que tínhamos vendido em janeiro e fevereiro“, recorda.
Desde então, “tem sido um processo evolutivo”, nota. Os aeroportos, companhias aéreas e hotéis foram-se adaptando, criaram-se seguros de viagem e regras para viajar de máscara, etc. “O próprio processo de testagem vai continuar a evoluir. Isto vai continuar a acontecer, pelo menos até existir uma realidade mundial de controlo da pandemia”, diz Pedro Quintela.
2021 com “algumas limitações”, mas será “muito melhor”
Contudo, apesar de acreditar que “algumas das limitações de 2020 continuarão em 2021”, o responsável da Abreu acredita que este ano haverá mais facilidade em termos de viagens, sobretudo devido ao processo de vacinação e às normas que estão a ser discutidas, como o passaporte de vacinação. E prova disso é que a agência de viagens já nota alguma procura, embora continue a ser residual.
“Portugal é dos destinos que mais vendemos — Madeira, Açores e Algarve — e já tem procura, porque em 2020 as pessoas já conseguiram viajar para esses destinos”, detalha, referindo que destinos como as Maldivas, Dubai e Zanzibar também têm tido “alguma procura”, especialmente para setembro e outubro, sobretudo devido a muitas luas-de-mel que foram adiadas devido à pandemia. “As pessoas vão arriscando esse tipo de reservas, porque estão desejosas de viajar”, diz Pedro Quintela, referindo-se ao mais recente fenómeno “travel revenge” [vingança do turismo].
E desengane-se se pensa que os preços desceram. “Os preços vão-se mantendo estáveis e muito ao nível de 2019”, diz o responsável, detalhando que “existe um nível de confiança e positivismo em viajar muito maior do que em 2020”. E, por isso, “as empresas procuraram manter os preços de 2019. 2021 também não trará uma grande variação. Não vão subir de forma muito significativa, mas também não vão descer para atrair mais clientes”.
Vamos precisar de, pelo menos, três anos para voltar ao que era e para podermos ter o mesmo número de pessoas que tínhamos a comprar viagens em 2019.
Olhando para o futuro, o diretor comercial da Abreu acredita que “2021 será muito melhor do que 2020, mas ainda longe do que foi 2019”. “Diria que em 2022 — sem estar a dizer concretamente se é no início, meio ou final do ano –, de forma otimista e realista” haverá uma certa normalidade.
Mas será como antes? Essa é a one million dollars question. Pedro Quintela não adivinha o futuro, mas aponta 2024 como a altura em que tudo regressará à normalidade. “Vamos precisar de, pelo menos, três anos para voltar ao que era e para podermos ter o mesmo número de pessoas que tínhamos a comprar viagens em 2019”, afirma, respondendo: “Vamos demorar algum tempo a recuperar”.
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