Parlamento vai recorrer ao Supremo para publicar relatório secreto do Banco de Portugal

Comissão de inquérito ao Novo Banco vai recorrer ao Supremo Tribunal de Justiça para que o relatório secreto da atuação do Banco de Portugal no caso BES seja tornado público.

A comissão de inquérito ao Novo Banco vai recorrer ao Supremo Tribunal de Justiça para levantar o segredo profissional do relatório secreto da atuação do Banco de Portugal na queda do BES e tornar o documento acessível ao público, informou esta quarta-feira o presidente da comissão, Fernando Negrão.

“A opinião dos deputados é a de que o relatório deve ser público. Vamos acionar o mecanismo que temos ao nosso dispor e vamos apresentar um recurso urgente para o Supremo Tribunal de Justiça para requerer o levantamento do segredo profissional“, anunciou o deputado social-democrata que preside ao inquérito ao Novo Banco.

A intervenção de Fernando Negrão surgiu depois de João Costa Pinto, o autor do relatório que fez uma avaliação crítica do desempenho do supervisor na queda do BES, em 2014, ter defendido no Parlamento a divulgação pública do documento, até para bem do próprio Banco de Portugal.

"Vamos acionar o mecanismo que temos ao nosso dispor e vamos apresentar um recurso urgente para o Supremo Tribunal de Justiça para requerer o levantamento do segredo profissional.”

Fernando Negrão

Presidente da comissão de inquérito ao Novo Banco

“Como cidadão, acho que este relatório já devia ter sido tornado publico há muito tempo. Esta situação acabou por mitificar o relatório e acaba-se por querer ver lá o que não está. Isso não é bom seguramente, e não é bom para o Banco de Portugal”, disse o economista na sua audição no âmbito do inquérito ao Novo Banco.

Durante a audição, Costa Pinto lamentou por mais do que uma vez que o relatório não tivesse sido objeto de discussão do Banco de Portugal, pois teria havido a oportunidade para o supervisor apresentar o contraditório. E acrescentou: “O relatório não é a bíblia, nem um testamento, é uma opinião da comissão. O relatório tem valor, eu subscrevi o relatório, mas é uma opinião“.

Segundo Costa Pinto, o relatório chegou à conclusão de que o Banco de Portugal não teve uma atuação atempada e energética no BES. Caso contrário, muitos dos problemas que vieram a resultar na resolução do banco em agosto de 2014 poderiam ter sido evitados, disse o ex-presidente do conselho de auditoria do supervisor financeiro.

De acordo com o jornal Público, a comissão de inquérito ao Novo Banco tem um parecer dos serviços jurídicos do Parlamento que refere que “a decisão sobre o levantamento do segredo profissional [do relatório] é uma decisão que, pela sua natureza jurisdicional, recai exclusivamente sobre a alçada dos tribunais”. Nessa medida, precisa a nota dos serviços, “recai sobre o Supremo Tribunal de Justiça a decisão sobre a quebra do segredo profissional” do documento.

O chamado “Relatório da Comissão de Avaliação das Decisões e atuação do Banco de Portugal na Supervisão do BES” chegou às mãos dos deputados com o selo de “confidencialidade” mas não pode ser tornado acessível ao público em geral. São 600 páginas que fazem uma avaliação dos três anos que antecederam a resolução do BES.

O documento foi elaborado por uma comissão independente presidida por Costa Pinto e que contou com a ajuda da consultora Boston Consulting Group.

(Notícia atualizada às 15h10)

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