Zurich termina relação com 96 entidades que recusam sair do carbono
De quase 270 entidades relacionadas, entre clientes e empresas investidas, o Zurich Insurance Group abandonou perto de 100 e está a dialogar com outras 112 para que adotem planos de transição verde.
O grupo segurador suíço assumiu, em 2020, decisões concretas de sustentabilidade climática no sentido de descarbonizar a sua carteira de investimentos e operações. Seguindo princípios assumidos em 2017 e critérios de ação delineados em junho de 2019, a Zurich cortou relações com perto de uma centena de entidades em 2020.
De um total de 268 organizações – incluindo clientes e entidades nas quais investe e que expunham a seguradora à indústria do carvão, petróleo de xisto e areias pesadas -, a Zurich terminou relações com 96 dessas entidades (36% do universo considerado), revela a companhia no seu Relatório de Sustentabilidade, documento de reporte não financeiro que a seguradora acaba de divulgar a par de outro, em que apresenta o detalhe das contas anuais, já divulgadas por ECOseguros.
Referindo as alterações climáticas, já assumidas como tema “urgente” no relatório de sustentabilidade de 2019, o grupo Zurich reafirma que pretende encorajar e ajudar os clientes a saírem das indústrias intensivas em combustíveis fósseis (carbono). Neste sentido, em 2020, disponibilizou um serviço de Resiliência Climática, lançado em setembro para segurados de linhas comerciais. Adicionalmente, a filial do grupo na Alemanha passou a disponibilizar aos particulares a possibilidade de investirem em planos de reforma que cumprem critérios ESG.
Reforçando compromisso com investimentos sustentáveis, a sua “carteira de impacto” (investimento responsável) ascendeu aos 5,8 mil milhões de dólares em 2020, a comparar com 3,8 mil milhões em 2018 e 20% acima dos 4,6 mil milhões de dólares reportados em 2019. A carteira de investimento de impacto apresentada no final de 2020 equivale a evitar 2,9 milhões de toneladas em emissões de CO2 e à melhoria de condições de vida de 3,7 milhões de pessoas, detalha o Sustainability Report 2020 do grupo Zurich.
O valor da carteira de impacto ultrapassou o objetivo financeiro definido em 2017 e, por isso, a seguradora decidiu elevar a fasquia da descarbonização aos 5 milhões de toneladas anuais de CO2, o equivalente às emissões poluentes de um milhão de automóveis de passageiros conduzidos durante todo um ano, lê-se no relatório em que a Zurich recorda que foi a #1 no Dow Jones Sustainability Index (DJSI) do setor segurador em 2020, após ter melhorado nas 3 métricas de avaliação (governance; ambiental e social).
O relatório articula-se em torno de três eixos: sustentabilidade climática; robustez e aceleração da estratégia digital, e colaboradores motivados e satisfeitos. Os seguradores estão cada vez mais conscientes do papel que devem desempenhar para uma sociedade mais sustentável, salienta o comunicado.
“Os nossos clientes esperam que sejamos os melhores naquilo que fazemos. Isso inclui a sustentabilidade”, afirma Linda Freiner, Head of Sustainability do grupo Zurich, na apresentação do relatório.
Com esta ambição e após análise cuidadosa dos casos em que não identificou esforços significativos por parte dos parceiros (clientes e entidades em que investe), a companhia decidiu pôr fim à relação que tinha com essas organizações. Executando o seu plano de compromisso com a descarbonização, além de cortar os laços com um terço das entidades que não querem ou se mostraram incapazes de progredir para uma economia verde, a seguradora iniciou “diálogo aprofundado” – por período máximo de dois anos – com outras 112 empresas (42% do total) no sentido de adotarem planos de transição a longo prazo e, relativamente às restantes 22 a Zurich concluiu que têm adotado práticas cada vez mais verdes, sintetiza o documento.
Estes procedimentos e critérios pela descarbonização – este ano complementados com os números de parceiros avaliados, embora não identificados -, já vinham estabelecidos no relatório de sustentabilidade de 2019.
Sublinhando compromisso de descarbonizar a totalidade de uma carteira de ativos estimada em cerca de 200 mil milhões de dólares, a Zurich afirma que intensificou esforços para se tornar uma empresa net-zero em 2050 e adianta que vai estabelecer metas de base científica para a sua carteira de investimento e para suas próprias operações.
Segundo complementa a empresa, enquanto a indústria seguradora não dispõe de um standard para medir a pegada carbónica existente nas carteiras do setor, a Zurich vai dando a sua contribuição através do fórum de especialistas de risco (CRO Forum), uma rede que liga representantes de diversas seguradoras globais e funciona sob auspícios da Associação de Genebra.
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