Portugal fora da “lista vermelha” do Reino Unido a partir de sexta-feira
Governo britânico retirou Portugal da lista de países, cujos viajantes eram obrigados a cumprir uma quarentena de 10 dias num hotel designado pelas autoridades e a pagar o custo 2.000 euros.
O Reino Unido vai autorizar os voos diretos e retirar Portugal da “lista vermelha” de países cujos viajantes estão sujeitos a quarentena em hotéis no Reino Unido a partir de sexta-feira, anunciou o Ministério dos Transportes britânico. No anúncio refere-se que serão também retomadas as ligações aéreas.
A decisão foi tomada “na sequência de indícios de que se reduziu o risco de importação de uma variante preocupante destes destinos”, explica em comunicado, salientando que “Portugal adotou medidas para mitigar o risco das suas ligações com países onde as variantes se tornaram uma preocupação e agora tem vigilância genómica em vigor”.
Todavia, as ligações aéreas não deverão ser retomadas imediatamente, já que o Governo português prolongou até 31 de março a suspensão dos voos, comerciais ou privados, com origem ou destino no Reino Unido e Brasil.
Apesar deste alívio das restrições, o regime de confinamento devido à pandemia de covid-19 mantém-se em Inglaterra, pelo que continua a ser proibido viajar sem justificação válida, como férias, e a circulação está essencialmente limitada a nacionais e residentes dos dois países.
As pessoas que cheguem ao Reino Unido continuam também sujeitas a quarentena de 10 dias e três testes, um antes do embarque, e dois, ao segundo e oitavo dia da quarentena obrigatória de 10 dias, que pode assim ser feita na respetiva residência.
Portugal é o único país europeu numa lista de países africanos e sul-americanos cujas viagens para o Reino Unido estão proibidas para reduzir o risco de importação de variantes do novo coronavírus mais infecciosas e resistentes às vacinas, como aquelas descobertas no Brasil e África do Sul.
Os viajantes dos 33 países da chamada “lista vermelha”, que incluem também o Brasil, Angola, Cabo Verde e Moçambique, são obrigados a cumprir quarentena de 10 dias num hotel designado pelas autoridades e pagar o custo de 1.750 libras (2.030 euros). A medida foi introduzida a 15 de fevereiro, mas o Reino Unido já tinha suspendido os voos diretos de Portugal a 15 de janeiro, medida que Portugal reproduziu a 23 de janeiro.
O anúncio de Londres coincide com o início do desconfinamento em Portugal, que começou pela reabertura de creches e ensino pré-escolar e do primeiro ciclo, lojas de comércio local de bens não essenciais para venda ao postigo, cabeleireiros, manicures, livrarias, comércio automóvel, mediação imobiliária, bibliotecas e arquivos.
Novas fases de alívio de restrições estão planeadas para 05 e 19 de abril e 03 de maio, mas as medidas podem ser revistas sempre que Portugal ultrapassar os “120 novos casos por dia por 100 mil habitantes a 14 dias” ou que o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 ultrapasse o valor 1.
O Governo britânico começou a aliviar o confinamento em Inglaterra na semana passada, com a reabertura das escolas, mas disse que pretende continuar a proibir as viagens não essenciais para o estrangeiro, nomeadamente para férias, até 17 de maio.
Decisão é “bem-vinda”, diz Turismo do Algarve
O presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA) considerou esta segunda-feira que a retirada de Portugal da “lista vermelha” de países cujos viajantes estão obrigados a quarentena no Reino Unido é “bem-vinda” e reflete “a situação positiva epidemiológica” portuguesa.
“Para o Algarve é uma boa notícia, porque sendo o britânico um dos principais mercados emissores de turismo, permite aos cidadãos britânicos programarem as suas férias para o verão, nomeadamente, começarem a tratar dos seus seguros de viagem, o que não lhes era possível com Portugal incluído na lista”, disse à Lusa João Fernandes.
Para João Fernandes, a posição britânica “dá um sinal claro de que o destino [Algarve] está preparado para receber os turistas daquele país, mas não é ainda o sinal final que se deseja”. “O sinal que desejamos é de que os cidadãos britânicos possam viajar para fora, uma realidade que só ficará clara a partir do dia 17 de maio, porque neste momento só podem sair para viagens essenciais”, recordou.
Os hoteleiros algarvios mostraram-se cautelosos em relação às consequências para o Algarve da decisão do Governo britânico em retirar Portugal da “lista vermelha” de países cujos viajantes estão sujeitos a quarentena em hotéis no Reino Unido.
“Ainda é muito cedo, vamos esperar para ver. Essa lista vermelha diz respeito apenas às pessoas que regressem ao Reino Unido, onde o desconfinamento só acontece a 17 de maio”, disse à Lusa o presidente da Presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).
Apesar deste alívio das restrições, o regime de confinamento devido à pandemia de covid-19 mantém-se em Inglaterra, pelo que continua a ser proibido viajar sem justificação válida, como férias, e a circulação está essencialmente limitada a nacionais e residentes dos dois países.
As pessoas que cheguem ao Reino Unido continuam também sujeitos a quarentena de 10 dias e três testes, um antes do embarque, e dois, ao segundo e oitavo dia da quarentena obrigatória de 10 dias, que pode assim ser feita na respetiva residência.
Para Elidérico Viegas a decisão vai beneficiar acima de tudo “quem trabalha em Inglaterra e quer regressar ao seu país” e, eventualmente, quem tenha “uma segunda residência” no Algarve, recordando que Portugal “ainda não recebe voos do Reino Unido”.
“Estamos a especular muito, as nossas previsões para este ano são essencialmente de procura interna, com alguma procura externa, que acabará por existir, mas vamos com calma, porque o transporte aéreo não está completamente assegurado”, realçou.
Para Elidérico Viegas ainda há “muitos fatores de incerteza em cima da mesa” e apesar do desejo para que o turismo possa reabrir, alertou que “isso não vai acontecer de um momento para o outro”. “Essas coisas requerem alguma paciência porque esta situação não se vai resolver com um estalar de dedos, nem com declarações de boa vontade”, apontou.
O dirigente da maior associação hoteleira algarvia realçou que se o desconfinamento se mantiver como previsto, Portugal vai ter de “montar uma logística” que permita que os turistas realizem testes à covid-19 antes de regressarem ao seu país, essencial para que não tenham de entrar em quarentena. No entanto, sublinhou, há ainda dúvidas sobre “quem vai pagar os testes, quanto custam e quem os vai fazer”. Outro aspeto a ter em conta é a confiança dos turistas, já que o Reino Unido estima ter a população vacinada “até ao final de maio” e Portugal apenas “no final de setembro”, concluiu.
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